Efeitos do treinamento físico moderado sobre o balanço oxidativo nos músculos sóleo e extensor longo dos dedos de ratos jovens submetidos a dieta obesogênica materna

Abstract

O consumo de uma dieta obesogênica durante períodos críticos do desenvolvimento vem sendo designado como um fator determinante na aparição de síndromes metabólicas que podem perdurar durante toda a vida. Desta maneira, o presente trabalho tem como objetivo avaliar os efeitos do treinamento físico moderado sobre o balanço oxidativo nos músculos sóleo e extensor longo dos dedos (EDL) de ratos jovens submetidos a dieta obesogênica materna durante períodos críticos do desenvolvimento. Para isso, foram utilizadas 12 ratas da linhagem Wistar. Durante o período estral as ratas foram postas para acasalar e após identificada a prenhez, foram divididas em dois grupos de acordo com a dieta ofertada durante a gestação e lactação (21 dias). Grupos: Controle (C) (n=6) que recebeu dieta de biotério Presence® e grupo obesogênico (O) (n=6) que recebeu dieta obesogênica com altos teores de gorduras e carboidratos mais a livre oferta de leite condensado. Após o desmame, somente os filhotes machos foram utilizados e receberam dieta de biotério Presence®. No 26º,27º e 28º dia de vida os filhotes foram submetidos a um teste incremental na esteira até a fadiga. Após o teste, os animais foram subdivididos em grupos não treinados (CNT) e (ONT) e treinados (CT) e (OT). No 30º dia de vida os grupos experimentais iniciaram o protocolo de treinamento em esteira (5 dias na semana, durante 4 semanas a 50% da capacidade máxima atingida no teste incremental). Aos 60 dias, foi analisado a massa corporal e circunferência abdominal, após isso, os animais foram eutanasiados e foi realizada a remoção dos músculos sóleo e EDL. Posteriormente, foram analisadas a massa do sóleo e EDL, os níveis de Malonaldeido (MDA) e carbonilas, atividade das enzimas Superoxido Desmutase (SOD), Catalase (CAT) e Glutationa-S-Transferase (GST) e os níveis de sulfidrilas. Verificou-se redução de 8,6% na massa corporal dos animais controle treinado, comparando os grupos CNT e CT (p=0,0074) bem como aumento de 10,01% nos animais obeso treinado, comparando os grupos CT e OT (p=0,0027). Quanto ao índice de Lee observou-se redução de 12,67% dos animais CT quando comparados ao grupo OT (p=0,0005) e redução de 11,88% no grupo ONT em relação ao OT (p=000,8). A massa do músculo sóleo esquerdo aumentou 22,91% no grupo CNT comparado ao ONT (p=0,0463) bem como, houve aumento de 22% e 14,56%, respectivamente, nos grupos CT quando comparado aos grupos OT no EDL esquerdo e direito (p=0,0007);(p=0,0388). Nos níveis de MDA do sóleo observou-se redução de 53,83% no grupo CNT comparado ao CT (p=0,0291), já as carbonilas aumentou 74,53% no grupo CNT em relação ao ONT (p=0,002) e reduziu 30,7% nos animais obesogênico não treinado comparando os grupos ONT e OT (p=0,0415). Analisando os mesmos parâmetros no EDL, no MDA percebeu-se redução de 36,26% no grupo CT comparando CNT ao CT, bem como redução de 31,33% nos animais OT comparando ONT ao OT (p=0,0247);(p=0,0461) da mesma forma para os níveis de carbonilas do EDL, onde reduziu 64,9% no grupo CT em relação ao CNT, e 55,25% no grupo OT comparando ONT ao OT (p=0,0006);(0,0181). Houve aumento de 96,2% na atividade da SOD no músculo EDL no grupo CT comparando os grupos CNT e CT (p<0,0001) e redução de 43,64 nos animais OT quando comparados OT e CT (p<0,0001). Na atividade da CAT no EDL, foi visto redução de 56,75% nos animais ONT comparando os grupos CNT e ONT (p=0,0007) e redução de 51,29% nos OT comparando CT e OT (p=0,0007). No músculo sóleo, a atividade da GST aumentou em 59,52% no grupo OT quando comparados os grupos ONT e OT (p=0,0181) bem como, também aumentou 76,31% no grupo OT quando comparados CT e OT (p=0,006). Por outro lado, no EDL, houve redução de 24,34 na atividade da GST no grupo OT quando comparados os grupos ONT e OT (p=0,0005). Por fim, os níveis de sulfidrilas reduziram em 26,21% no grupo ONT quando comparados no sóleo os grupos CNT e ONT (p=0,0005) além de reduzir também 34,95% comparando com seu respectivo grupo treinado CNT e CT (p<0,0001). Diante do exposto, foi visto que o consumo de uma dieta obesogênica durante períodos críticos do desenvolvimento pode vir a promover alterações no balanço oxidativo, notadas a partir do aumento da oxidação de proteínas, redução da atividade de enzimas antioxidantes e redução do conteúdo total de sulfidrilas em diferentes musculaturas de ratos machos aos 60 dias de vida. Além de ser perceptível a eficácia do protocolo de treinamento físico moderado em atenuar tais efeitos. Contudo, faz-se necessário mais investigações para compreender as diferentes respostas, quanto ao sistema antioxidante enzimático e não enzimático, de musculaturas com características distintas frente ao insulto nutricional materno.