Moradia compartilhada no Centro do Recife

Abstract

Áreas centrais são identificadas por suas características singulares do resto da urbe, delas originam-se as grandes metrópoles e nos revela várias épocas da história da nossa cidade que deve ser preservada. Particularizada pelo seu tecido heterogêneo, o conjunto edificado nela presente nos permite uma distinguibilidade espacial de extrema importância para a população. Essas áreas centrais tem o papel de caracterizar nossa cidade e singulariza-la de qualquer outra, possibilitando aos habitantes o sentimento de pertencimento da mesma. Entretanto, no centro do Recife, nas duas últimas décadas observamos o esvaziamento e a deterioração de uma gama de edificações simbólicas, e o centro sofre com a progressiva desocupação. Apesar disso, não deixou de existir a grande demanda por habitação nesses lugares, pelo fato de serem alvo de uma grande oferta de empregos e serviços, onde trabalhadores e estudantes dessas áreas centrais provêm de outras áreas distantes do centro. Dessa forma, para suprir essas demandas, percebemos estímulos do governo pela produção de novos edifícios habitacionais que atendam a procura. Porém, nota-se novos projetos, principalmente em áreas lindeiras, descontextualizados do entorno edificado. Os altos coeficientes concedidos para essas áreas facilitam a crescente e desordenada valorização pela promoção do novo sem diálogo com o espaço urbano em detrimento do velho. Sendo assim, este trabalho propõe desenvolver um anteprojeto de um edifício de uso misto com habitação colaborativa, que se integre ao centro do Recife, sendo compatíveis com as demandas locais em cumprimento à função social, para um terreno no bairro de São José, considerando as peculiaridades do entorno. Dentre as crises vivenciadas, a questão da moradia insere-se ao mesmo tempo dentro de um âmbito econômico social e ambiental. A proposição de novas formas de se habitar, que tornem a moradia mais acessível, inclusiva e sustentável, é, portanto, um ponto chave para a resolução de diversos problemas simultaneamente. Como alternativa o compartilhamento de habitação entre residentes não aparentados, onde ambientes como cozinhas, salas de trabalho, salas de convívio são coletivizados e priorizados em detrimento a espaços privados que são reduzidos. Trata-se de uma maneira de reduzir recursos não renováveis (como água e energia) e estreitar os laços comunitários aumentando a conexão entre moradores, estabelecendo o sentimento de pertencimento do lugar através da arquitetura, positivamente relacionada ao bem-estar e participação popular no meio onde vive. A ambição de provocar esse sentimento em uma área central é justificada pela contribuição direta do indivíduo desejar conservar aquilo que sente que é seu. Outrossim, é melhorar a relação entre o público e o privado, incentivar a animação urbana e vincular o interesse pela promoção de novos imóveis que se integre à paisagem para a preservação do centro histórico consolidado.