Produção de alimentos orgânicos no Brasil: uma análise a partir da teoria dos jogos.

Abstract

Com a preocupação crescente quanto aos impactos que os hábitos alimentares possuem no meio ambiente, na saúde e na sociedade, o mercado alimentício passa a ter uma parcela cada vez maior representada pelos orgânicos. Por esse motivo, o trabalho busca analisar a tomada de decisão do agricultor entre produzir ou não, organicamente, a levar em consideração a assimetria informacional existente nesse mercado. Para tanto, foi realizada uma pesquisa documental com intuito de compreender o funcionamento do mercado e suas principais características e em seguida, foi proposto um modelo de teoria dos jogos no qual o produtor se encontra em um contexto de incerteza. Após isso, foi realizado um estudo descritivo e econométrico que objetivou analisar os fatores que impactam na existência de feiras orgânicas nos municípios brasileiros. O estudo mostrou que se o custo da produção for suficientemente alto haverá um Equilíbrio de Nash em estratégia pura, onde produzir não orgânico é estratégia dominante para o produtor, enquanto que se o ganho de produzir orgânico vendendo a preços de alimentos não orgânicos for maior que o ganho da produção não orgânica também se tem uma Equilíbrio de Nash em estratégia pura, nesse caso, com a estratégia dominante sendo produzir de forma orgânica. Foi possível inferir ainda que nos outros casos, a escolha entre produzir ou não a partir de um sistema orgânico vai depender da proporção de consumidores de alimentos orgânicos e do benefício monetário gerado ao produtor. Constatou-se ainda que a existência de feiras em geral e os níveis de escolaridade, índice de Gini e de estímulo público à agricultura orgânica impactam na existência de feiras orgânicas nos municípios e na escolha do produtor. Nessa perspectiva, foi possível auferir a importância das políticas públicas tanto para que existam feiras quanto para que haja produtores orgânicos nos municípios.