Paisagens em multiverso : reivindicações do lugar pela ficção audiovisual

Abstract

Esta tese pesquisa as reivindicações do lugar feitas pela ficção audiovisual. Isso é feito no sentido de se compreender as formulações do espaço cênico no audiovisual. Para isso, na introdução, a tese começa por indicar as sensibilidades que motivaram a pesquisa, localizando o autor como um espectador implicado, interessado em construir um fluxo de audiovisualidade a partir de obras audiovisuais genéricas e que colocam em cena o espaço a partir de artifícios criativos e tecnológicos. No capítulo ―As articulações e os desdobramentos do espaço na ficção audiovisual: paisagens em multiverso e as ficções do lugar‖, propõe-se a metodologia de multiverso como maneira de organizar as aparições audiovisuais de espaços ficcionais para análise, defendendo uma abordagem intermidiática para a tese, tanto no sentido de abrir a investigação para além da especificidade do cinema (e daí a preferência pelo termo ―audiovisual‖) quanto por reconhecer nas audiovisualidades gestos criativos e performáticos que se associam a outras formas de arte e mídia. Ainda nesse capítulo, a tese define os termos de espaço, lugar e paisagem, mas defende a apresentação do espaço em cena na audiovisualidade como acionando, simultaneamente e de maneira frequentemente indistinta, todos esses conceitos, interessando-se mais pelo acionamento do espaço, lugar e paisagem por gestos de encenação e enquadramento na ficção audiovisual. Isso serve para perceber uma instabilidade da identificação do espaço cênico que demanda uma revisão da expectativas de indexicalidade sobre ele, algo que atravessa toda a tese. Após estabelecer esses fundamentos teóricos, conceituais e metodológicos, a tese tem sequência com três capítulos que organizam, cada um deles, um multiverso específico para análise, partindo de gêneros consolidados da ficção audiovisual. No capítulo ―O palco no musical‖, investiga-se os palcos que inserem novos espaços ficcionais dentro da própria ficção audiovisual. No capítulo ―Melodrama, interiores em crise‖, apura-se o gênero do melodrama como um fenômeno global que mobiliza diferentes relações entre interioridade e exterioridade, atuando a partir de gestos excessivos e rigorosas intervenções formais no espaço cênico. Por fim, no capítulo ―O contorno de espaços desconhecidos‖, indaga-se sobre o deserto do faroeste, a animação e o espaço extraterrestre da ficção-científica como espaços além da fronteira que problematizam radicalmente as distinções colocadas entre espaço, lugar e paisagem no audiovisual.