A crise do negócio do artesanato no Alto do Moura e o impacto sobre os jovens da comunidade.

Abstract

O Alto do Moura é um bairro de Caruaru-PE localizado a cerca de 7km do centro da cidade. A força da atividade artesanal na identidade comunitária é tamanha que na entrada do bairro nos defrontamos com um portal no qual se diz que ali se trata do “maior centro de artes figurativas das Américas”. Através do crescimento e reconhecimento adquirido pela atividade ao longo do tempo, formou-se assim uma comunidade artesã. O local carrega consigo um valor simbólico devido a sua história e ao seu modo de vida próprio, entretanto, as novas gerações vivenciam uma tensão relacionada à continuidade da atividade e à cultura local. Este trabalho faz um breve resgate do artesanato no Brasil e no Alto do Moura no século XXI, trata também da crise do artesanato e de seus impactos na nova geração. Estes são associados ao crescente desengajamento dos jovens, que aqui foi mapeado e analisado, de forma que foi possível identificar os principais problemas que a atividade enfrenta junto a esse público específico. Para esta pesquisa foi feita uma série de entrevistas com jovens que continuam na atividade, seja por escolha, como forma de dar continuidade à tradição local, ou por ter sido a primeira oportunidade de sobrevivência encontrada no meio social em que vivem, e também um grupo focal com jovens que que optaram por (ou se viram levados a) não trabalhar no artesanato por diversos motivos. O nosso objetivo principal pode ser inscrito nos seguintes termos: entender as principais motivações e os modos do desengajamento dos jovens da comunidade da atividade do artesanato, tendo em mente a seguinte questão: Quais rumos ocupacionais estão tomando esses jovens e quais suas visões sobre si mesmo e sobre as futuras gerações no contexto da crise do artesanato? Assim, de acordo com a pesquisa de campo, foi possível identificar diversos motivos pelo qual o desengajamento dos jovens da atividade vem tomando uma proporção maior nos últimos anos. Dentre eles alegou-se principalmente a concorrência desleal, as dificuldades para manutenção econômica, a crise nas vendas e o melhor acesso aos estudos como decisivos a essa migração do jovem membro da comunidade artesã para outras atividades.