Efeitos da administração neonatal de Kaempferol ou Resveratrol sobre o crescimento somático, desenvolvimento da locomoção, comportamento alimentar, perfil bioquímico e flexibilidade metabólica muscular de ratos machos

Abstract

O desenvolvimento pós-natal, depende de influências ambientais que podem induzir consequências a curto e a longo prazo durante toda a vida, podendo intervir na formação do fenótipo. Certos componentes que formam parte dos alimentos chamados de “compostos bioativos” podem ter efeitos benéficos, inclusive protetores. Dentre esses compostos destacam-se os polifenóis, principalmente o kaempferol e o resveratrol, que possuem propriedades biológicas semelhantes. Dessa forma, o presente estudo teve como objetivo avaliar os efeitos da administração neonatal de kaempferol e resveratrol sobre o crescimento somático, desenvolvimento da locomoção, comportamento alimentar, perfil bioquímico e flexibilidade metabólica muscular de ratos machos. Durante a lactação, ratos machos Wistar foram distribuídos em três grupos de acordo com o tratamento farmacológico recebido: Veículo (n=53), Kaempferol (n=55) e Resveratrol (n=50). As administrações ocorreram por via intraperitoneal do 1° ao 21° dia pós-natal (DPN). Os animais foram alimentados com dieta padrão de laboratório (Presence®, Brasil) durante todo o experimento. Durante o período de lactação foram avaliados o peso corporal e o eixo-longitudinal. A partir do desmame (21° DPN), cada grupo farmacológico foi subdividido segundo o status nutricional: alimentado (VeículoAL, KaempferolAL, ResveratrolAL) e jejum de 24 horas (Veículo24H, Kaempferol24H, Resveratrol24H). O peso corporal e o eixo-longitudinal continuaram sendo avaliados a cada sete dias. O consumo alimentar foi avaliado em dois períodos (24o ao 29o DPN) e (54 o ao 59o DPN). No status alimentado, a atividade locomotora, foi avaliada no 8o, 14o, 17o, 21o, 30o, 60o DPN. Assim como, no 30o e 60o DPN no status alimentado e jejum de 24 horas. Consecutivamente foi avaliada a sequência comportamental de saciedade apenas nos animais jejum de 24 horas no 30o e 60o DPN. Aos 62 dias, foi realizado o teste de tolerância à glicose intraperitoneal (GTTip). Aos 70 dias, após o sacrifício, foram coletados e pesados órgãos e tecidos, avaliado o perfil bioquímico e a expressão de genes relacionados com o metabolismo muscular. No final da lactação, o grupo kaempferol apresentou maior peso corporal. O grupo resveratrol mostrou melhor desempenho locomotor. Ambos os polifenóis apresentaram maior resposta glicêmica no início do GTTip. No 30o DPN, houve a antecipação do ponto de saciedade para ambos os polifenóis, contudo, apenas o grupo resveratrol teve modificação da microestrutura do comportamento alimentar. Esse efeito não se manteve no 60o DPN. Não houve diferença no consumo alimentar entre os grupos. Animais Veículo24H percorreram maior distância em detrimento da potência média. O jejum diminuiu os níveis de glicose, triglicerídeos, colesterol total e o peso relativo do fígado em relação aos animais em status alimentado. O jejum aumentou os níveis de HDL, o peso relativo do encéfalo, do tecido adiposo epidídimal, a expressão gênica do Bhad e Pdk4. Podemos concluir que o uso de polifenóis durante o período crítico do desenvolvimento, em especial o resveratrol, são capazes de influenciar o fenótipo durante seu uso, assim como a mediano prazo (adolescência). As diferenças encontradas entre o kaempferol e o resveratrol podem estar relacionadas com sua estrutura química.