O HIATO DA MEMÓRIA: um estudo sobre os periódicos do Diário de Pernambuco

Abstract

Com o avanço das tecnologias de comunicação para o mundo digital, os jornais físicos são frequentemente negligenciados como suportes de memória. Boa parte dos indivíduos alegam a importância do valor informativo em detrimento do registro físico, após o processo de digitalização. Não obstante é crucial lembrar que os jornais são tesouros históricos que contam a nossa história de maneira única, e essa experiência envolve mais que apenas a informação ali contida. Quem pegou a época dos jornais impressos lembra como era comprar o jornal com aquela moeda que estava sobrando no bolso, dobrar o jornal e levar para casa para ler tomando café. O cheiro do jornal, a sensação do papel, encontrar informação e entretenimento naquelas páginas. Um profissional bem informado era aquele que era visto lendo um jornal. A conservação dos jornais desempenha um papel vital na preservação do nosso patrimônio cultural e na compreensão da nossa evolução como sociedade. Como objetivo geral, esse trabalho busca analisar a importância da conservação preventiva na salvaguarda da memória usando como objeto de estudo os periódicos do Diário de Pernambuco. Este estudo pretende ainda: apresentar uma perspectiva ampliada sobre a conservação preventiva; examinar as particularidades do papel e do seu processo de fabricação e discutir os principais danos observados nos jornais do Diário de Pernambuco. Trata-se de uma pesquisa descritiva quanto aos fins e quanto aos meios se enquadra em pesquisa bibliográfica e de campo. O objeto da pesquisa é o acervo do Diário de Pernambuco cedido ao laboratório Liber, que passou por uma análise observatória dos danos mais frequentes e graves encontrados nos jornais. Conclui-se que os jornais, verdadeiros repositórios impagáveis de memória, cultura e informação, encontram-se em vias de desvalorização enquanto patrimônio histórico e recurso de relevância para o estudo da história, sendo negligenciados e até mesmo encarados como entraves por parte de algumas instituições públicas. Constatou-se no acervo a presença de danos consideravelmente severos, os quais poderiam ter sido prevenidos mediante a aplicação de técnicas de preservação por parte das entidades responsáveis. Torna-se patente, então, a imperiosa necessidade de contar com os profissionais devidamente habilitados em conservação e restauro dentro das instituições de memória, sobretudo entre os incumbidos da gestão do acervo, tais como bibliotecários, arquivistas e museólogos.