Música e memória afetiva: a nostalgia nas trilhas sonoras de novelas da TV Globo (2018-2022).

Abstract

A nostalgia sempre esteve presente na relação do indivíduo moderno com o seu tempo. Porém, nas últimas décadas, considera-se que houve um crescimento das produções midiáticas que têm o passado como temática principal ou suplementar, conceito chamado de boom nostálgico (Niemeyer, 2014). Esta pesquisa busca investigar este fenômeno nas trilhas sonoras de novelas da TV Globo no período entre 2018 e 2022, levando em consideração o desenvolvimento das trilhas sonoras de novelas na emissora e no mercado. A relação da música com as telenovelas tem raízes no melodrama e, em conseguinte, no cinema e nas radionovelas. A partir do final dos anos 1960, a trilha sonora passou a ser comercializada como disco, atingindo cifras relevantes no mercado fonográfico e ajudando a lançar artistas e hits nas rádios brasileiras. Na TV Globo, a Som Livre passou a ser o selo responsável pela produção das trilhas sonoras, produto que determinou a sua posição de liderança no mercado. Contudo, a partir dos anos 2000, o nicho sofre com o declínio da indústria fonográfica motivado pela ascensão de novas formas de consumo da música, que afetaram a venda de CDs. Assim, a produção da trilha sonora como mídia física diminui e é encerrada em 2021, mesmo ano em que a Som Livre é vendida pelo Grupo Globo para a multinacional Sony Music. Dessa forma, a pesquisa bibliográfica foi o método escolhido para refletir sobre os conceitos de nostalgia e boom nostálgico, além de estudar a história das trilhas sonoras das telenovelas da TV Globo. Também foi empregada a pesquisa documental para identificar a presença de músicas antigas, em detrimento dos lançamentos, nas trilhas sonoras. Concluiu-se que mais da metade das canções nas trilhas sonoras do período determinado são antigas, o que demonstra a intensidade da cultura da nostalgia na mídia brasileira, bem como as mudanças no consumo da televisão e da música.