O curso de administração do Centro Acadêmico do Agreste sob uma perspectiva (de)colonial.

Abstract

Esta pesquisa parte do pressuposto que os cursos de administração no Brasil reproduzem a colonialidade. Diante desse pressuposto, a pergunta que direciona este trabalho é: o ensino de administração do Centro Acadêmico do Agreste (CAA) reproduz a colonialidade? Desse modo, o objetivo geral foi analisar como o ensino de administração do CAA reproduz a colonialidade. A metodologia utilizada foi de abordagem qualitativa e finalidade exploratória, realizada por meio de entrevistas semiestruturadas com 33 docentes e discentes do curso de administração. O campo possibilitou indícios de reprodução da colonialidade ressaltando os seguintes pontos: (i) ausência de perspectiva crítica em disciplinas que não são da área de organizações, (ii) predominância de disciplinas de viés funcionalista que negam conflito, (iii) princípios e teorias nortes americanizados, (iv) não desvinculação da matriz eurocêntrica, (v) atendimento às exigências do MEC e (vi) falta da realidade local no currículo. Por outro lado, a análise dos dados também permitiu observar aquilo que a literatura decolonial chama de pensamento de fronteira, que permite trilhar caminhos decoloniais, como: (i) a interiorização do curso; (ii) a preocupação em dialogar com pessoas e organizações diferentes em sala de aula; (iii) os TCCs, que possibilitam aos/às estudantes olhar para casos da realidade local; (iv) a articulação entre graduação e pós-graduação ; (v) os grupos de pesquisa e extensão. Assim, observamos que estas são possibilidades que remetem à noção de interculturalidade, devido à premissa de diálogo inerente. Também vale salientar que as pistas decoloniais identificadas são geralmente possibilidades que estão em atividades extras a serem desempenhadas pelos estudantes.