Insegurança alimentar e estado nutricional de famílias residentes em uma área rural do município de Vitória de Santo Antão - PE

Abstract

Compreender a relação entre a insegurança alimentar (IA) e o estado nutricional é fundamental para entender o processo de saúde/doença da população. Contudo, investigações envolvendo essa temática, principalmente no âmbito rural, são cada vez mais escassas no país. Desse modo, o presente trabalho tem como objetivo avaliar a situação de insegurança alimentar nos domicílios e o estado nutricional dos responsáveis por famílias de uma comunidade rural do município de Vitória de Santo Antão-PE. A presente proposta é um estudo transversal, de base domiciliar, em uma área marcada por particularidades históricas de lutas camponesas. A amostra selecionada considerou o total de 115 domicílios, inseridos na pesquisa no período de 2023, sendo incluídos adultos com mais de 18 anos de idade responsáveis pelos domicílios. Como metodologia, foram utilizados questionários de caracterização sociodemográfica, socioeconômica e sanitária, a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA), assim como as medidas antropométricas de peso e altura para analisar o estado nutricional dos responsáveis pelos domicílios. Os dados foram digitados no software Epi data e analisados no IBM SPSS 19.0, e as variáveis dependentes e independentes foram testadas por meio do teste exato de Fisher ou qui quadrado de Pearson. Nesse contexto, observou-se que a maioria dos domicílios tinham entre 3-4 moradores (56,5%), eram de responsabilidade feminina (78,3%), tendo-se com maior prevalência de cor autodeclarada parda (59,1%) e escolaridade até o fundamental I incompleto (42,9%). Notou-se uma alta prevalência de acesso aos programas Bolsa Família/Auxílio Brasil (95,2%), contudo, nenhum domicílio era beneficiado por programas e políticas públicas destinados ao agricultor. A IA estava presente em 68,7% dos domicílios e o excesso de peso atingia 72,30% dos responsáveis pelas famílias, não sendo possível notar uma relação estatisticamente significativa entre a IA e o excesso de peso. Todavia, notou-se que o excesso de peso foi mais prevalente nos casos de IA moderada. Sendo assim, esses dados reiteram a vulnerabilidade social e a insegurança alimentar e nutricional (InSAN) dessas famílias, revelando que os problemas historicamente presentes nesse local não se restringem ao passado.