Análise do potencial da microalga Tetradesmus obliquus (Turpin) M. J. Wynne na biorremoção do fungicida tiofanato-metílico

Abstract

A utilização intensiva de agrotóxicos vem gerando impactos ambientais e toxicidade em organismo não alvos. O tiofanato-metílico é um fungicida sistêmico de amplo espectro aplicado na pré- e pós-colheita, para o controle de fitopatógenos, cujos resíduos podem ser encontrados no solo, água e produtos agrícolas, representando ameaças aos ecossistemas e à saúde humana. Portanto, a contaminação por tiofanato-metílico requer o desenvolvimento de alternativas para reduzir/remover contaminantes ambientais. O presente estudo visou avaliar a eficiência da microalga Tetradesmus obliquus na biorremoção do fungicida tiofanato-metílico, bem como avaliar a toxicidade do seu subproduto mediante o sistema-teste Allium cepa L. O experimento de biorremediação consistiu em cinco tratamentos acompanhados por 12 dias, visando investigar as possíveis vias de remoção do tiofanato-metílico: (1) meio de cultura BG-11 e T. obliquus; (2) BG-11, T. obliquus viva e tiofanato-metílico; (3) BG-11, T. obliquus morta e tiofanato-metílico; (4) BG-11 e tiofanato-metílico (claro); (5) BG-11 e tiofanato-metílico (escuro). O tiofanato-metílico foi utilizado na concentração inicial de 240 μg/L e T. obliquus na concentração inicial de 100 mg/L. Adicionalmente, o sistema-teste A. cepa foi utilizado para avaliar a toxicidade, a citotoxicidade e a genotoxicidade do subproduto carbendazim nas concentrações 55 e 125 μg/L. A microalga conseguiu se adaptar e crescer mesmo na presença do tiofanato-metílico, com Xm = 566,85 mg/L ± 40,98 e Xm = 629,02 mg/L ± 146,03 na ausência do fungicida. Em relação ao processo de remoção do tiofanato-metílico, após um dia de experimento, constatou-se uma remoção de 85,41% no tratamento com a microalga viva; 50,41% com microalga morta e 17,08% e 20,00%, nos tratamentos sem a presença da microalga, em condições de claro e escuro respectivamente. Após 12 dias, o tiofanato-metílico foi removido de todos os tratamentos analisados. Contudo, ao final do experimento foi observada a presença do subproduto carbendazim nas concentrações de 55 μg/L (tratamento com a microalga viva), 78 μg/L (microalga morta), 120 e 125 μg/L (ausência da microalga no escuro e no claro, respectivamente). Os resultados obtidos sugerem que a biodegradação parece ter sido um dos mecanismos usados por T. obliquus para remoção do tiofanato-metílico. Adicionalmente, a biossorção parece ter contribuído, considerando que o tratamento com biomassa morta apresentou a segunda menor concentração do carbendazim (78 μg/L). Por outro lado, a fotodegradação parece não ter influenciado na remoção do fungicida em questão, ao comparar os valores do carbendazim na ausência de microalgas no escuro e no claro (120 e 125 μg/L, respectivamente). As concentrações encontradas ao final do experimento, 55 e 125 μg/L, nos tratamentos com a microalga viva e na ausência da microalga no claro, respectivamente, apresentaram ausência de toxicidade e citotoxicidade. Por outro lado, a concentração 125 μg/L resultante do tratamento sem a presença da microalga, mostrou efeito genotóxico para as células meristemáticas de A. cepa. Os resultados obtidos demonstram que a microalga T. obliquus foi eficaz para remoção do fungicida tiofanato-metílico e para eliminação da genotoxicidade do subproduto carbendazim, apresentando potencial biorremediador promissor para tratamentos de locais contaminados com o referido fungicida.