Práticas organizativas e informalidade nas facções de confecções em Caruaru-PE

Abstract

O presente trabalho buscou compreender a informalidade nas facções de confecção em Caruaru-PE a partir da abordagem da prática. A motivação para tal se verificou com as discussões acerca da informalidade enquanto noção multidimensional, constitutiva dos processos produtivos de confecções no Agreste de Pernambuco. Esta noção é importante porque considera as singularidades locais que apontam a necessidade de analisar o fenômeno para além da dicotomia formal-informal. De modo semelhante, a abordagem da prática objetiva romper com os dualismos a fim de expandir os entendimentos sobre os fenômenos sociais, particularmente, as organizações. Assim, esta pesquisa teve como orientação a compreensão sobre práticas organizativas a partir da perspectiva de Theodore Schatzki e a noção de informalidade multidimensional desenvolvida por Almeida Pereira (2018). Como procedimentos metodológicos, foram utilizadas entrevistas semiestruturadas com os(as) praticantes das facções, observações não participantes e o registro de imagens e diário para acessar o campo. A análise das informações aconteceu por meio da análise de narrativa com base na tríade hermenêutica discutida por Barbara Czarniawska. A partir das discussões, os achados da pesquisa demonstraram que a informalidade nas facções é constituída por práticas, as quais resultam de ações organizadas por orientações que constituem inteligibilidades, fins teleológicos, afetividades e regras. As práticas alcançadas por esta pesquisa foram: prática de costura, prática de modelagem automatizada, prática de corte e prática de gestão. Percebeu-se ainda que tais práticas são permeadas por desigualdades e resistências relativas à classe e ao gênero, e que elas comunicam e reforçam diferentes dimensões da informalidade que constitui o trabalho com confecções em Caruaru-PE.