Estudo de dados epidemiológicos de tumores odontogênicos adequando-se à classificação da OMS 2022

Abstract

A identificação correta dos tumores odontogênicos permite um planejamento adequado e uma abordagem ideal no seu tratamento. Os dados coletados e arquivados dessas lesões levam a estudos epidemiológicos que associam a prevalência e incidência delas com características da população. Diante disso, o presente estudo teve como objetivo realizar uma breve revisão das principais mudanças que ocorreram ao longo das edições do documento publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) acerca de tumores odontogênicos, e, em seguida, identificar essas lesões diagnosticadas no laboratório de patologia oral da Universidade Federal de Pernambuco, entre os anos de 2000 a 2023, através da análise dos prontuários e laudos, tendo como referência a mais recente classificação estabelecida pela OMS. Assim, tornando-se possível traçar o perfil epidemiológico dessas lesões e estabelecer análises comparativas com outros estudos da literatura. Tendo em vista a escassez desse tipo de estudos no Brasil. A coleta foi realizada pelo pesquisador, através da recuperação dos casos diagnosticados como tumores odontogênicos, para revisão e análise. Prontuários e laudos com diagnóstico de tumores odontogênicos foram incluídos na amostra, para que fosse possível fazer a análise comparativa com a edição mais recente. Tumores onde não foi possível localizar o prontuário ou laudo correspondente foram excluídos da pesquisa. Duzentos e cinquenta e quatro casos correspondentes a tumores odontogênicos foram identificados. Desse total, vinte e três (9,1%) foram excluídos da pesquisa pela ausência dos prontuários ou laudos, restando 231 casos (90,9%). Quarenta e três casos (17,3%) se tratavam do tumor odontogênico ceratocístico e 1 caso do tumor odontogênico cístico calcificante (0,30%), lesões que pertenceram à classificação dos tumores odontogênicos em versões anteriores e que na atual edição foram redesignados para a categoria de cistos odontogênicos de desenvolvimento. O ameloblastoma convencional foi a lesão encontrada com maior frequência, totalizando 79 casos da amostra, o ameloblastoma unicístico teve um total aproximadamente (86%) dos seus casos atribuídos ao sexo masculino e o tumor odontogênico adenomatoide teve (100%) dos seus casos atribuídos ao sexo feminino. Com base nos resultados obtidos nesta pesquisa, foi possível identificar lesões que anteriormente foram agrupadas em classificações que não correspondem mais aos dados da atualidade; avaliar a relevância de pesquisas e análises epidemiológicas para traçar perfis sociais e demográficos associados a essas lesões e enfatizar a importância dessas novas edições, nas quais foi identificada simplificação de termos e nomenclaturas e divulgação de novos achados microscópicos e novas lesões.