Trajetórias de (trans)formação humana de psicólogas transpessoais : entre a fragmentação e a busca da integralidade

Abstract

A presente pesquisa busca investigar trilhas (trans)formativas de psicólogas transpessoais por meio de narrativas de histórias de vida, percorrendo desde a graduação em Psicologia até os cursos formativos em Psicologia Transpessoal. Como questão central, indagamos: como a Psicologia Transpessoal vem enfrentando os problemas de fragmentações nos processos de formação humana no Brasil? O objetivo geral da pesquisa consiste em compreender como a área contribui para a formação humana integral das psicólogas brasileiras, e, mais especificamente, objetivamos apresentar narrativas de histórias de vida das trajetórias de formação humana de psicólogas transpessoais com intuito de apontar elementos de fragmentação e integração existentes nesse percurso formativo. Este estudo consiste em uma pesquisa qualitativa com abordagem de narração de histórias de vida de dez psicólogas transpessoais, sendo duas de cada região do Brasil. Utilizamos a entrevista semiestruturada para a construção dos dados e análise temática. Os resultados apresentaram as trilhas formativas e (trans)formativas das psicólogas transpessoais, destacando suas histórias de vida, com ênfase no interesse pela Psicologia e no percurso da formação. Com isso, apontamos a jornada de (trans)formação transpessoal, indicando quais foram os principais conteúdos, metodologias e experiências marcantes, assim como as principais motivações, desafios e aprendizados na formação em Psicologia Transpessoal. Situamos, ainda, os encontros e os desencontros na formação transpessoal através de uma breve avaliação, por meio da qual os pontos fortes e fracos são destacados. Ademais, indicamos a necessidade de inclusão e ampliação dos debates acerca das questões sociais, políticas, gênero, feminismos, raça e racismos nas formações transpessoais. Os processos formativos, com uma metodologia transpessoal de ensino teórica- vivencial, integram teoria e prática, gerando significativas (trans)formações nas participantes e visando incluir o humano num processo educativo integral. Também sinalizamos fragmentações decorrentes de uma herança colonial e uma educação tradicional com processos formativos voltados ao individualismo. Nesse percurso, em meio as fragmentações geradas por todo um contexto histórico, social e educacional atravessado pelo capitalismo, encontramos psicólogas com resistências e, ao mesmo tempo, vontade de mudanças. Nessas trilhas (trans)formativas, as participantes se apoiaram na busca da integralidade e da espiritualidade transpessoal como estratégias de formação humana e enfrentamento de fragmentações, separações, dualismos e reducionismos, além do eclipse da espiritualidade vividos em suas formações.