O estudo de aula na formação inicial de professores de Matemática: desafios e superações no contexto do Estágio Curricular Supervisionado

Abstract

A presente pesquisa tem como objetivo analisar estratégias empregadas para a superação de desafios que emergem na implementação de Estudos de Aula no contexto do Estágio Curricular Supervisionado em Matemática, no Brasil. Buscamos responder às seguintes questões norteadoras: que desafios emergem durante a realização de processos de Estudos de Aula no contexto do Estágio Curricular Supervisionado em Matemática (ECSM)? Que caminhos são adotados para superar esses desafios? Para alcançar o objetivo, foi realizada uma Revisão Sistemática da Literatura de pesquisas sobre o Estudo de Aula (EA) na formação inicial de professores de Matemática no contexto do ECSM e uma pesquisa empírica com uma turma de ECSM em um curso de Licenciatura em Matemática de uma Instituição de Ensino Superior Pública de Pernambuco. Os instrumentos para produção dos dados da pesquisa empírica foram observação participante, diário de bordo, entrevistas semiestruturadas individuais e questionários. Contamos com a professora formadora e sete futuros professores, além da pesquisadora. Com a Revisão Sistemática da Literatura (RSL), visamos identificar indícios de desafios enfrentados e de caminhos percorridos para sua superação em pesquisas brasileiras que envolvessem o EA e o ECSM. Foram analisados cinco artigos publicados em número ou dossiê temático sobre o EA em periódicos, seis resumos expandidos dos anais das edições I e II do Seminário Internacional de Lesson Study no Ensino da Matemática (SILSEM), duas teses e uma dissertação. Os principais desafios indicados nas pesquisas que compuseram a RSL foram: disponibilidade e comprometimento, tempo de realização, colaboração e entrosamento do grupo, planejamento, conhecimentos do conteúdo, didáticos e pedagógicos, falta de experiência e imprevistos externos. As discussões (e reflexões) pós-aula foram apontadas pelos autores como momentos relevantes para a superação dos desafios, às vezes interferindo instantaneamente, mas sobretudo influenciando práticas futuras. O papel do professor supervisor também se mostrou importante para o planejamento colaborativo, contribuindo com a troca de experiências para superar as dificuldades dos futuros professores. Na pesquisa empírica não foi possível ter o professor supervisor fazendo parte do planejamento, mas a professora formadora guiou e auxiliou os futuros professores durante a experiência. Os principais desafios

enfrentados pelos futuros professores foram realizar a leitura dos textos e a entrega das suas atividades, elaborar e adaptar a tarefa exploratória, superar as crenças do ensino tradicional, iniciar a colaboração e elaborar o plano de aula. Para superar esses desafios, os futuros professores se apoiaram na professora formadora, nos momentos de colaboração, nos diálogos do grupo e na gestão do tempo para a realização das atividades.