IMPACTOS DO MICROPLÁSTICO NA MEIOFAUNA MARINHA: Estudo de caso em microcosmos experimentais de laboratório

Abstract

A crescente poluição por plástico vem gerando preocupação global, especificamente em relação aos microplásticos (MPs), partículas menores que 5mm resultantes da fragmentação de plásticos maiores ou produzidas diretamente neste tamanho. O poliestireno (PS), um dos polímeros plásticos mais utilizados, apresenta alta capacidade de sedimentação no ambiente marinho, tornando-se um risco para os organismos bentônicos, como a meiofauna. Este estudo tem como objetivo analisar o impacto do MP PS na meiofauna marinha por meio de experimentos laboratoriais controlados, conduzindo dois experimentos independentes de curto (nove dias de exposição) e longo prazo (30 dias de exposição). Foram avaliados três aspectos principais: (I) mudanças na estrutura da comunidade da meiofauna, com foco na densidade e diversidade; (II) ingestão de MPs pelos organismos e (III) efeitos na biomassa dos nematoides, grupo predominante nesses ecossistemas. Os resultados demonstraram que, no geral, a menor concentração de MP impactou mais severamente a comunidade, reduzindo sua densidade e diversidade. Com o passar do tempo, a fauna apresentou sinais de adaptação, especialmente os organismos mais resistentes, como nematoides e turbelários. A ingestão de MPs variou entre os grupos, porém a maior taxa de ingestão ocorreu nas maiores concentrações, com partículas acumuladas no trato digestivo dos organismos. A biomassa da nematofauna aumentou nas concentrações mais altas, o que pode estar relacionado à ingestão de partículas, mas os efeitos desse aumento ainda são incertos. O estudo destaca a necessidade de mais pesquisas para compreender melhor os impactos do MP na meiofauna e suas possíveis implicações ecológicas, já que esse poluente persiste no ambiente e pode afetar a biodiversidade marinha mesmo em curto período de exposição.