Estudo da regulação da via PD-1/PD-L1 em gestantes com COVID-19 e/ou com pré-eclâmpsia

Abstract

A via PD-1/PD-L1 desempenha um papel essencial na tolerância imunológica e autorregulação, especialmente na modulação da resposta inflamatória exacerbada em condições como a Pré-Eclâmpsia (PE) e a COVID-19 em gestantes. Embora a relação entre COVID-19 e PE ainda não esteja totalmente estabelecida, acredita-se que estímulos inflamatórios sistêmicos possam comprometer a função imunológica, agravando o quadro clínico. Este estudo teve como objetivo avaliar a expressão de PD-1 e PD-L1 no tecido placentário de gestantes com COVID-19 e/ou PE atendidas em dois centros obstétricos de referência em Recife-PE. Para isso, foi conduzido um estudo transversal, descritivo e comparativo, envolvendo 45 gestantes positivas para SARS-CoV-2, 24 com diagnóstico concomitante de COVID-19 e PE, e 44 diagnosticadas apenas com PE. A expressão gênica do SARS-CoV-2 na placenta foi analisada por PCR em tempo real (qPCR), enquanto a localização e o padrão de expressão das proteínas Spike, PD-1 e PD-L1 foram avaliados por imuno histoquímica e quantificada em pixels através do software GraphPad Prism (versão 8.0). Os resultados indicaram que gestantes com COVID-19 apresentaram maior risco de parto prematuro e de admissão na UTI, além de recém-nascidos com maior probabilidade de baixo peso ao nascer e necessidade de oxigênio. Além disso, essas gestantes tiveram menores níveis de hemoglobina e contagem de linfócitos, enquanto as com PE apresentaram níveis elevados de TGO e LDH. Observou-se também que a expressão de PD-L1 foi mais elevada em gestantes com PE, enquanto a associação entre COVID-19 e PE resultou em maior expressão de PD 1. A presença da proteína Spike na placenta correlacionou-se positivamente com a expressão do receptor PD-1, e a detecção do SARS-CoV-2 estava associada a alterações estruturais na decídua basal e nas vilosidades coriônicas. Nossos achados sugerem que tanto a PE quanto a infecção pelo SARS-CoV-2 podem modular a expressão da via PD-1/PD-L1 no tecido placentário, o que pode resultar em implicações materno-fetais. No entanto, estudos adicionais são necessários para elucidar os mecanismos envolvidos nessa modulação e suas possíveis consequências.