Avaliação da integridade de tecido não tecido (TNT) por microscopia ótica e ensaio de spray após a descontaminação por lavagem, radiação gama e radiação UVC

Abstract

A viabilidade da reutilização de Equipamento de Proteção Individual (EPIs) de tecido não-tecidos (TNT) foi bastante discutida durante a pandemia de COVID-19 devido à alta demanda e escassez de materiais. Contudo, a utilização de processos físicos ou químicos de descontaminação microbiológica tornou-se fundamental para garantir a segurança do trabalhador e evitar a disseminação do vírus. Neste trabalho, diversos métodos de descontaminação foram aplicados em malhas de TNT com gramaturas de 40 g m-2 e 60 g m-2 com o objetivo de avaliar a integridade física da trama após a aplicação de radiação ultravioleta do tipo C – UVC, radiação gama e lavagem/secagem, incluindo a combinação de lavagem/secagem com radiação gama. Duas novas metodologias para a avaliação da integridade das tramas foram propostas por meio de microscopia óptica para estimar os espaços vazios (passagem de luz - PL) e pelo ensaio de spray (mancha) para avaliar a contenção de fômites. Após a captação de imagens, um programa computacional converteu as imagens em dados numéricos, os quais foram tratados estatisticamente. De acordo com os resultados de PL, o TNT de 40 g m-2 resistiu aos efeitos dos métodos de descontaminação, com até 3 ciclos de lavagem/secagem combinado com a dose de 25 kGy de radiação gama; diferentemente do TNT de 60 g m-2 que suportou até 2 ciclos de radiação UVC e de lavagem/secagem sem irradiação gama. Considerando os dados de spray, apenas o TNT de 40 g m-2 pôde garantir a contenção de fômites mesmo após 10 ciclos de radiação UVC, assim como nos 3 ciclos de lavagem/secagem, que demonstraram ser opções promissoras para a descontaminação desse material. A implementação de controle de qualidade de TNTs a partir de protocolos como os desenvolvidos nesse estudo pode ser uma alternativa para garantir maior qualidade dos TNTs e, consequentemente, maior resistência a processos de descontaminação, favorecendo, assim a redução de riscos significativos à segurança dos usuários de EPIs.