Caraterização fisico-quimica e biologica das xilanas da madeira de Dinizia excelsa e seu potencial uso prebiótico frente a Lactobacillus spp

Abstract

Dinizia excelsa (De), da família Fabaceae, é um espécime nativo da floresta amazônica popularmente conhecido como Angelin vermelho, Angelin pedra e faveira de ferro. Sua madeira possui alta força mecânica, durabilidade e resistência a ataques de agentes xilófagos. Essas características tornam sua madeira amplamente utilizada na construção civil. Embora amplamente utilizado no setor madeireiro pouco se conhece sobre seu potencial biológico. As xilanas são polissacarídeos que possuem como cadeia estrutural comum a conformação de β-(1→4) - associado a resíduo de xilose. Também é relatado na literatura que as xilanas apresentaram atividades antimicrobianas, prebióticas, antitumorais e imunomoduladoras. Esse polissacarídeo, que comumente é descartado pelas indústrias, apresenta um alto potencial como matéria prima para a confecção de suplemento alimentar. Dentre estas atividades destacaremos a atividade prebiotica desses polissacarídeos. Prebióticos são ingredientes alimentares não digestíveis que induzem melhora no estado geral de saúde por estimular o crescimento da microbiota benéfica do intestino. O objetivo desse trabalho foi realizar uma avaliação físico-química e biológicas com ênfase nas atividades prebioticas das xilanas extraídas do cerne de De. Nesse trabalho a xilana de De (XDe) foi extraída de resíduos do cerne a partir de um processo de cinco etapas. Este material foi avaliado fisicoquimicamente pela determinação de monossacarídeos, análise da composição elementar, FTIR, espectroscopia magnética de ressonância 2D e determinação do peso molecular. Em seguida foi avaliado a citotoxicidade, imunomodulação, potencial hemolítico, potencial anticoagulante, propriedade emulsificante, simulação da degradação em sulco gástrico e potencial prebiótico. As XDe demonstraram um rendimento de 28,44%, peso molecular 38,32% a analise elementar apresentou valores de H = 5,65%, C= 35,03% e O = 59,32% e a amostra apresentou leituras de FTIR similares as das xilanas da literatura e o 2D NMR identificou a presença dos grupos funcionais que caracterizam a molécula. Quanto as atividades biológicas a amostra apresentaram baixa toxicidade frente a linhagens HepG2, macrófagos J774, fibroblastos V79 e células Vero, e apresentou atividade hemolítica ˂10% e anticoagulante com o tempo parcial de protrombina variando de 44,2 a 89,2. Além disso nos ensaios imunomodulatorios estimularam a produção de citocinas antinflamatoria, além de apresentar alta propriedade emulsificante e atividade prebiótica relevante frente as cepas estudadas. XDe também foram avaliadas quanto capacidade de resistir à ação do suco gástrico e à determinação da atividade emulsificante, aonde similar a xilana comercial conseguiu promover o crescimento de cepas de L. acidophilus, L. rhamnosus, L. casei e L. plantarum. também apresentou baixa taxa de degradação em suco gástrico e suco entérico e atividade emulsificante (EA) máxima nas concentrações de 2% e 4% e em pH 7. Estes resultados apontam que as xilanas de Dinizia excelsa possui um amplo potencial para aplicações biomédicas com ênfase no seu uso nutracêutico como prebioticos.