Mapeamento de susceptibilidade a deslizamentos de encostas no bairro de dois unidos- recife, utilizando o processo analítico hierárquico

Abstract

O bairro de Dois Unidos, localizado na Região Político-Administrativa II (RPA2) de Recife, é altamente vulnerável a desastres naturais, especialmente deslizamentos de terra, que ocorrem com frequência durante chuvas intensas. A geografia da região, com declives acentuados e infraestrutura urbana deficiente, agrava os riscos. O solo saturado pelas chuvas perde estabilidade, o que facilita o deslocamento das massas de terra. O estudo visou mapear a susceptibilidade a deslizamentos no bairro de Dois Unidos, classificando encostas por nível de risco e validando os resultados em campo propondo uma metodologia eficiente e acessível para apoiar gestores e a população na prevenção de desastres. Para lidar com essa vulnerabilidade, o uso de geotecnologias, como o QGIS, e métodos de análise multicritério, como o AHP (Analytic Hierarchy Process), tem se mostrado eficaz no mapeamento e avaliação das áreas de risco. A metodologia adotada fundamentou-se em uma análise espacial multicritério para identificar áreas suscetíveis a deslizamentos no bairro de Dois Unidos, Recife. Foram utilizadas imagens do satélite OLI/LANDSAT-8 (bandas 4, 5 e 6), o BDIA e o Modelo Digital de Terreno (MDT) do PE3D, integrando dados ambientais e topográficos. Mapas temáticos foram gerados para sete critérios (NDVI, geologia, declividade, curvatura, hipsometria, ordem de drenagem e intensidade pluviométrica), com normalização dos dados em escala de 0 a 1 por funções fuzzy e hierarquização por AHP. Os critérios foram ponderados por especialistas da Defesa Civil e combinados por meio de Combinação Linear Ponderada (CLP). O resultado foi o mapa final de suscetibilidade, categorizado em níveis de risco (muito alto a baixo), validado com observações de campo. A região possui duas formações geológicas: a Formação Barreiras, mais suscetível a deslizamentos, e os Depósitos Fluviomarinhos Holocênicos, de menor risco. Áreas com declividade entre 20% e 45% são mais vulneráveis, enquanto terrenos planos são mais estáveis. A vegetação (24% da área) ajuda a estabilizar o solo, mas áreas com pouca vegetação (4,59%) são mais propensas à erosão. A curvatura do terreno favorece o acúmulo de água, aumentando o risco de alagamentos e erosão, especialmente em áreas inclinadas. O estudo no bairro de Dois Unidos identificou áreas com diferentes níveis de risco de deslizamento, utilizando critérios como geologia, declividade, vegetação (NDVI), drenagem, precipitação e hipsometria. A Formação Barreiras, predominante na região, está fortemente associada à instabilidade do solo. O Indice de Vegetação foi o critério mais relevante, seguido da geologia. A maior parte do território (82,27%) apresenta risco Médio ou Alto, enquanto 2,17% estão em risco Muito Alto. A metodologia AHP garantiu a consistência na ponderação dos critérios. Os dados subsidiaram a criação de mapas temáticos que orientam o planejamento urbano e a mitigação de riscos ambientais.