Consumo de alimentos ultraprocessados e obesidade central em adultos de uma área rural de Pernambuco/Brasil

Abstract

O presente estudo teve como objetivo avaliar o consumo de alimentos ultraprocessados (AUPs) e a ocorrência de obesidade central em adultos que vivem em uma área rural de Pernambuco/Brasil. Trata-se de um estudo transversal, realizado em uma comunidade com histórico de reforma agrária, no período de maio a dezembro de 2023. O público-alvo foram adultos de 20 a 59 anos, convidados a responder questionários com variáveis socioeconômicas, sanitárias e de consumo alimentar, além de realizar medidas antropométricas. O consumo de AUPs foi avaliado por meio de um Questionário de Frequência Alimentar (QFA) qualitativo, subdividido em quatro grupos: bebidas, substitutos ou complementos de refeições, lanches e gorduras e molhos. A obesidade central foi avaliada por meio da circunferência da cintura (CC), considerando-se elevados valores ≥80cm para mulheres e ≥94cm para homens. Ao final foram incluídos 115 domicílios, nos quais 138 adultos responderam o QFA e 154 realizaram a medida da CC. Os resultados mostraram que 49,6% das famílias relataram renda mensal entre 1 e 2 salários-mínimos, 73,0% não dispunham de acesso à água encanada e 50,4% queimavam ou descartavam o lixo em terrenos baldios. No que se refere aos hábitos alimentares 31,2% afirmaram consumir refrigerantes muitas vezes ou sempre; 30,4% relataram mesma frequência para balas, chocolates e guloseimas; e 21,7% referiram ingerir sucos industrializados regularmente. Entre os grupos de AUPs analisados, os lanches foram os mais consumidos (1,820±1,912), seguidos pelos produtos que substituem ou acompanham refeições (1,673±1,643), gorduras e molhos (0,854±0,924) e bebidas (0,683±0,867). Com relação à presença de obesidade central, observou-se que 62,3% apresentavam valores elevados de CC, sendo significativamente maior no sexo feminino (73,2%) em comparação ao sexo masculino (33,3%) (p < 0,001). Portanto, esses achados reforçam a importância de estudos sobre alimentação e saúde, sobretudo nas áreas rurais, também afetadas pelas mudanças globais nos sistemas alimentares. Esses dados fornecem informações relevantes para ações de saúde e políticas públicas mais alinhadas às necessidades do território e à comunidade científica.