Repercussões orais e maxilofaciais da síndrome congênita do zika em crianças: revisão narrativa

Abstract

A Síndrome Congênita do Zika (SCZ), identificada durante a epidemia do vírus Zika (ZIKV) no Brasil desde 2015, caracteriza-se por manifestações neurológicas e alterações morfológicas que comprometem o desenvolvimento global das crianças, incluindo importantes repercussões orais e maxilofaciais. Esta revisão narrativa teve como objetivo analisar as implicações orais e maxilofaciais da SCZ em crianças, priorizando a literatura científica e incluindo, de forma complementar, a discussão sobre a inserção da Odontologia no cuidado multiprofissional. Foram incluídos 20 estudos publicados entre 2019 e 2024, localizados nas bases PubMed e SciELO, além de pesquisa manual em referências bibliográficas. Os achados evidenciaram frequência elevada de alterações no tempo e na ordem de erupção dos dentes, micrognatia, palato ogival, abóbada palatina estreita, prognatismo maxilar, má oclusão, protrusão lingual e hiperplasia gengival, todas relacionadas a limitações neurológicas e funcionais que comprometem a harmonia facial, a alimentação, a fala e a respiração. Tais condições interferem na qualidade de vida infantil e geram desafios tanto para cuidadores quanto para profissionais da área da saúde. Conforme os estudos revisados, as alterações orais e maxilofaciais constituem um componente relevante do quadro clínico da SCZ. Esses achados reforçam que tais condições estão fortemente associadas a comprometimentos neurológicos e impactam diretamente funções essenciais como alimentação, respiração e comunicação. O reconhecimento e o manejo precoce dessas alterações são fundamentais para minimizar consequências funcionais e estéticas, reduzir complicações associadas e melhorar a qualidade de vida das crianças afetadas.