"Snow cai como a neve, sempre por cima de tudo": um estudo sobre a construção do vilão em A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes

Abstract

Este artigo tem como objetivo analisar a construção do vilão na obra A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes, de Suzanne Collins, a partir da perspectiva da jornada do herói proposta por Joseph Campbell (2007) e Christopher Vogler (2015. Além disso, lançará mão dos conceitos dos arquétipos para Carl Jung (2000) e da Sombra para Vogler (2015). Focando especificamente no personagem Coriolanus Snow, o estudo busca compreender as etapas de sua transformação, desde sua juventude até sua ascensão ao poder, abordando as complexas motivações, dilemas e escolhas que o conduzem à construção de sua identidade como vilão. A pesquisa propõe que a jornada do vilão, como uma trajetória única e repleta de dilemas morais, segue um caminho paralelo ao do herói, mas com distinções importantes no que tange ao uso de manipulação, poder e controle. O artigo também examina a relação de Snow com outros personagens, como Lucy Gray, e como esses vínculos refletem suas ambições e sua eventual desumanização. Por fim, a análise contribui para a discussão sobre a necessidade de aprofundamento na compreensão da figura do vilão na literatura, propondo uma reflexão sobre como esses personagens são moldados e construídos dentro das narrativas contemporâneas. Ao lançar luz sobre esses aspectos, este estudo evidenciou que Coriolanus Snow percorre uma trajetória própria de transformação, cuja construção difere em vários aspectos das vividas pelos heróis. Portanto, a partir da análise do caminho percorrido até se tornar um vilão, foi possível perceber a importância da aprofundação dos estudos literários acerca da figura desse personagem na literatura contemporânea, ressaltando sua complexidade e relevância.