Além do medicamento: uma revisão integrativa sobre as interações entre alimentos, suplementos e medicamentos no tratamento de doenças crônicas.

Abstract

O uso de suplementos alimentares contendo compostos bioativos tem se expandido entre a população brasileira, inclusive entre indivíduos com Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), como hipertensão arterial (HAS), diabetes tipo 2 (DM2) e dislipidemias. Esse comportamento, frequentemente autônomo e sem acompanhamento profissional, levanta preocupações quanto a possíveis interações com medicamentos de uso contínuo, as quais podem comprometer a eficácia terapêutica ou afetar o estado nutricional dos pacientes. Este trabalho teve como objetivo identificar e analisar, por meio de uma revisão integrativa da literatura, as interações entre alimentos e suplementos alimentares e os principais medicamentos utilizados no tratamento das DCNT A busca foi realizada nas bases PubMed, ScienceDirect, Scopus e Web of Science, utilizando os descritores “Food-Drug Interactions” e os nomes das classes farmacológicas correspondentes às DCNT de acordo com o RENAME relacionados a farmacoterapia de HAS, DM2 e Dislipidemias. Utilizou-se o fluxograma PRISMA como metodologia para busca eletrônica. Foram incluídos apenas artigos de pesquisa dos últimos 5 anos, excluindo-se demais tipos de artigos, que apresentassem interações apenas entre medicamentos ou com fitoterápicos. Foram elegidos sete estudos para análise crítica. Os resultados evidenciaram interações majoritariamente na farmacocinética dos medicamentos além de afetar ainda a biodisponibilidade de minerais (Zn, Cu, Mn e Fe). Foram encontradas interações entre alimentos e seus compostos bioativos, refeições gordurosas e suplemento com 6 classe de medicamentos. Extrato de chá verde, nagirina e compostos presentes em sucos de laranja, toranja e maça foram responsáveis por interações que impactaram a absorção de fármacos e a disponibilidade plasmática. Conclui-se que há uma lacuna relevante na literatura científica sobre o tema, especialmente em relação ao uso concomitante desses medicamentos e suplementos alimentares e a necessidade de estudos clínicos mais robustos e aplicáveis. Esses estudos são fundamentais para subsidiar ações educativas, promover o uso racional de suplementos e orientar políticas públicas voltadas à segurança terapêutica de pacientes com DCNT.