Consumo de alimentos in natura e industrializados por produtores orgânicos da agricultura familiar no município de Vitória de Santo Antão/PE

Abstract

Introdução: uma alimentação adequada e saudável é primordial para garantir o funcionamento adequado do organismo, entretanto, o padrão alimentar atual tem sido fortemente influenciado pela alimentação fácil e prática produzida pela indústria alimentícia. Mesmo possuindo acesso à terra para cultivo, a população rural tem mostrado uma adesão a ―dieta de supermercado‖, caracterizada pela dependência de compra de alimentos industrializados. Objetivo: avaliar o consumo de alimentos in natura e industrializados por produtores orgânicos da agricultura familiar residentes na zona rural do município de Vitória de Santo Antão, PE. Metodologia: estudo descritivo e intervencional cuja amostra foi constituída por 20 agricultores, de ambos os sexos, membros da Associação dos Agricultores de Base Familiar e de Cultivo Orgânico da Região de Mocotó e da Associação dos Pequenos Produtores Rurais de Mocotó, no período de janeiro a abril de 2018. Para coleta de dados foram utilizados dois instrumentos, o questionário de frequência alimentar e o questionário socioeconômico familiar, ambos semiestruturados e elaborados de forma a atingir os objetivos da pesquisa. A partir do diagnóstico situacional composto por dados socioeconômicos e alimentares dos produtores, realizou-se uma atividade de educação nutricional como forma de incentivo a práticas alimentares saudáveis. Resultados: a maioria dos produtores rurais possuem idade acima de 40 anos, são do sexo masculino, possuem de 2 a 3 membros na família, renda familiar de 1 até 2 salários mínimos, possuem a agricultura como única fonte de renda e trabalham com a produção de alimentos orgânicos há mais de 10 anos. Com relação ao perfil alimentar, no geral, observou-se um baixo consumo diário de alimentos in natura e elevado consumo de alguns alimentos industrializados. Os produtores com menor renda e menor escolaridade foram os que apresentaram um maior consumo de alimentos in natura e menor consumo de alimentos industrializados. Após a realização da atividade de educação nutricional com os produtores observou-se uma carência de informações sobre alimentação e nutrição. O uso de materiais ilustrativos facilitou a comunicação de novas informações aos participantes, despertando nos mesmos um olhar mais crítico com relação ao que estão consumindo. Conclusão: os agricultores apresentam um padrão alimentar inadequado, o que contribui para o desenvolvimento das doenças crônicas não transmissíveis. Ainda que sem o uso de testes estatísticos para maiores constatações, verificou-se que a renda e a escolaridade parecem exercer influência sobre o consumo de alimentos in natura e industrializados. E a atividade de educação alimentar e nutricional surtiu um efeito positivo, visto que foi possível despertar nos participantes a sensibilização de que há erros na alimentação deles e que estes precisam ser considerados.