Almoxarifados de instituições públicas: um estudo do ambiente físico à luz da ergonomia

Abstract

O Brasil é um país classificado economicamente como em desenvolvimento. Esta classificação se dá devido aos excessos de burocratização dos processos e dificuldades de solucionar problemas de gestão pública, além das desigualdades sociais e falhas na prestação de serviços básicos à população (saúde, educação, segurança e saneamento). Por isso, as organizações têm se empenhado na melhoria do planejamento e utilização dos recursos. Isto não é diferente para órgãos públicos. Entretanto, neste, os processos de compra seguem legislações específicas e precisam ser iniciados com antecedência para que haja tempo hábil de reabastecimento dos itens e não faltem os produtos. Desta forma, os almoxarifados desempenham papel fundamental no controle e armazenamento dos materiais. Por isso, merecem atenção e estudo. O trabalho mostrou uma análise ergonômica com foco no ambiente construído. Os almoxarifados avaliados são de manutenção predial e estão inseridos em Universidades Públicas Federais. Estes ambientes armazenam diversos produtos, mas possuem uma estrutura física bem antiga, não passaram por reformas e não foi feita uma análise ergonômica anterior. Além disso, apresentam produtos obsoletos armazenados, materiais permanentes velhos e falhas de ressuprimento devido à dificuldade de captação e à má administração de recursos financeiros. A pesquisa utilizou a metodologia ergonômica para o ambiente construído (MEAC) a fim de entender, avaliar e sugerir modificações para os ambientes e com isto melhorar o bem-estar de seus usuários (servidores, terceirizados e bolsistas) e como conseqüência melhorar a eficiência dos setores estudados. Foram analisados 02 (dois) almoxarifados de manutenção predial. O da UFPE, com 11 (onze) usuários e da UFRN, com 14 (catorze) usuários. As técnicas utilizadas para as etapas da MEAC foram: observação assistemática, walkthrough, levantamentos/medições, entrevistas, questionário, fluxogramas de trabalho, observação sistemática, Poema dos Desejos e o Mapa Cognitivo Coletivo. Constatou-se que os setores analisados estão inadequados ergonomicamente, o que gera retrabalhos, dificuldades de controle e localização dos materiais, estresse, riscos de acidentes e demora na execução do serviço. Ao pontuar as falhas dos setores, foram propostas sugestões de melhorias para os ambientes analisados a fim de proporcionar ajustes ergonômicos aos locais, além de diretrizes projetuais.