Desvios na arte contemporânea produzida por mulheres em Pernambuco

Abstract

Esta pesquisa, do tipo estudo de caso, buscou compreender os processos de desvios presentes na arte contemporânea produzida por artistas mulheres atuantes em Pernambuco. Método de configuração artística que tinha como objetivo a superação de uma ordem sócio-cultural caracterizada pelo consumo passivo de mercadorias e imagens, assim como também a superação da arte e sua total integração a vida cotidiana, a técnica de desvio vem sendo utilizada por artistas contemporâneos com objetivos diversos, sem a devida problematização de seus princípios. Sistematizado pela Internacional Situacionista, movimento cultural e político ativo durante os anos de 1958 a 1972, os procedimentos de desvios preveem deslocamento e subversão de elementos preexistentes. Já a arte produzida pelas mulheres vem ganhando visibilidade, desde os anos setenta, quando o movimento artístico feminista americano começou a questionar a ausência das mulheres artistas no campo da história da arte, problematizando as desigualdades de gênero existentes no campo artístico. Com o estudo das obras de artistas atuantes em Pernambuco, essa pesquisa buscou dar visibilidade à produção artística realizada por mulheres no estado. A natureza critica intrínseca e decorrente dos feminismos, presente em grande parte das obras produzidas por mulheres, tornou essa produção ideal para o confronto com a teoria do desvio e, portanto, ao estudo proposto pela presente pesquisa. Para investigar os processos de desvio presentes na arte contemporânea produzida por mulheres, foram analisadas três obras: Do deleite: almoço na relva (2007) de Beth da Matta, Vadia (2016) e Irma Brown e Peluquería Carangi (2013), de Marie Carangi. Foi verificado a ocorrência dos desvios nas obras e suas formas de operação dentro dos trabalhos mencionados. A pesquisa aponta que os desvios nos casos analisados estão mais alinhados ao “uso", conforme aponta Bourriaud, de formas preexistentes e não a superação destas formas, como queriam os situacionistas.