Fungos isolados de colmeias de Melipona scutellaris e avaliação da capacidade de produção de lipases

Abstract

Melipona scutellaris (Hymenoptera: Apidae: Meliponini), a Uruçu verdadeira, é uma abelha sem ferrão nativa da mata atlântica do nordeste do Brasil. Fungos são cosmopolitas e podem ser isolados dos mais diversos substratos, inclusive mel, pólen e superfície de colmeia de abelhas e são bons produtores de enzimas extracelulares de interesse biotecnológico. O objetivo do presente estudo foi avaliar o potencial de produção de lipases de fungos isolados do pólen, mel e superfície do ninho no interior das colmeias das abelhas sem ferrão M. scutellaris da Mata Atlântica no município de Paulista, Pernambuco, Brasil, utilizando óleo da polpa de Pequi (Caryocar brasiliense) como substrato. Os fungos filamentosos foram identificados pelo sequenciamento parcial da região genica ITS, e as leveduras região genica LSU. A produção de lipases foi testada por meio da técnica de fermentação submersa, utilizando o óleo da polpa de Pequi (C. brasiliense) como indutor. Foram obtidos 284 isolados (189 fungos filamentosos e 95 leveduras), com maior frequência dos gêneros Penicillium (25,3 %), Candida (18 %), Aspergillus (11,3 %), Monascus (9 %), Cladosporium (7,1 %) e observadas 10 prováveis espécies novas pertencentes aos gêneros Candida, Castanediella, Gjaerumia, Penicillium, Monascus, Oidiodendron, Talaromyces e Zygosaccharomyces. Quarenta e oito isolados foram testados para atividade lipolítica, que variou de 3.86 à 20,76 U.mL-1.min.-1(U). Os isolados que apresentaram maiores atividades lipolíticas foram Cladosporium sp. 1 (FIBIO 002-H1) (20.76 ± 0,03 U); Cladosporium sp. 4 (17.06 ± 0,08 U); Cladosporium sp. 1 (FIBIO 004-F10) (14.87± 0,91 U); Cordyceps sp. (12.53 ± 0,12 U); Microascus sp. (10.03 ± 0,95 U); Aspergillus nomius (9.77 ± 0,24 U) e podem ser indicados para estudos de otimização, imobilização e caracterização das enzimas. Os substratos relacionados às abelhas sem ferrão nativas do Brasil ainda são pouco estudados e contém isolados de espécies fúngicas ainda desconhecidas para a ciência e com potencial utilização em processos biotecnológicos. Todo o conhecimento a respeito das abelhas nativas, contribuirá para a conservação dessas espécies. Estudos futuros sobre as relações estabelecidas entre fungos-abelhas devem ser conduzidos para entendimento das relações ecológicas.