A inserção das áreas verdes nas unidades ambientais da cidade do Recife : uma reflexão sobre a conservação da geodiversidade no espaço urbano

Abstract

A necessidade de preservação da geodiversidade tem assumido um papel de destaque junto à comunidade científica, e à população em geral, ao longo da última década. Esta questão é de particular interesse quando se consideram as grandes aglomerações urbanas, sedes de regiões metropolitanas como o Recife. Neste caso, o foco principal da pesquisa é identificar como a geodiversidade de ambientes físicos – aqui traduzida pelas Unidades Ambientais do Recife – está representada nas áreas verdes públicas no município, e como essas têm sido utilizadas como instrumento para a geoconservação, e ações que propiciem a multiplicidade de usos que se espera delas. Parte-se do pressuposto que umas das funções precípuas das áreas verdes é propiciar aos citadinos contato com a natureza em suas variadas formas de expressão em determinado contexto urbano. Neste sentido, compreende-se que as áreas verdes além de propiciar espaço para o entretenimento, lazer e ócio ao ar livre, devem ter um significado mediante as variadas expressões do mundo natural, ainda que altamente antropizado, dentro da cidade. Neste sentido, partiu-se da compreensão que a natureza, ou a reprodução da mesma por meio de parques e espaços verdes públicos, atua sobre o geossistema urbano contribuindo para a melhoria da qualidade do ar, redução do ruído urbano, arrefecimento do calor, e que todos esses elementos incidem sobre o bem-estar da população citadina. No intuito de oferecer uma perspectiva sobre a relação dos usuários com taisfragmentos “renaturalizados” dentro da cidade do Recife, e diante da diversidade de paisagens físicas no contexto urbano, esta pesquisa sobrepôs as áreas verdes públicas às unidades geomorfológicas e geoambientais da cidade, elegendo as de maior tamanho e expressividade e/ou ainda àquelas de maior utilização por parte da população. Foram encontradas áreas verdes públicas de relevância em 5 das 10 unidades geomorfológicas e sobre todas as unidades geoambientais da cidade. Em seguida foram aplicados questionários semiestruturados aos usuários, voltados à aferição dos tipos de uso, expectativas e percepções desses em relação aos espaços estudados e às áreas verdes da cidade como um todo. Conclui-se que as áreas verdes urbanas se encontram representadas em todas as unidades ambientais, porém não satisfazem plenamente a população. Os três parques em melhor estado de conservação e efetivamente utilizados pela população estão inseridos em áreas de alto poder aquisitivo, longe do uso cotidiano pela população de baixa renda, ora residente em áreas de morro ora alagadiças, que restam desprovidas de áreas verdes e seus benefícios.