Estudos macroevolutivos na subtribo Lychnophorinae (Asteraceae: Vernonieae) : diversificação, biogeografia e evolução de nicho

Abstract

A subtribo Lychnophorinae está presente no domínio Cerrado, com a maior parte das espécies distribuídas nos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço, tipo vegetacional marcante que ocorre em afloramentos rochosos de áreas montanhosas. Pouco se sabe sobre o processo macroevolutivo do grupo e possíveis variáveis que influenciaram a sua distribuição atual. Além disso, as espécies do Cerrado são reconhecidas por estarem sob constante ameaça ambiental devido a pressões decorrentes de mudanças climáticas e atividades antrópicas, entretanto, o conhecimento sobre conservação das espécies da subtribo é escasso. Não obstante, variações climáticas e processos regulares de incêndios ao longo da evolução podem ter influenciado o processo de diversificação e história biogeográfica do grupo. Os objetivos deste estudo foram: 1) identificar os tempos de divergência existentes através de construção e datação da árvore filogenética; 2) descobrir o alcance das áreas ancestrais e os processos biogeográficos existentes ao longo da evolução; 3) determinar os estados de caracteres ancestrais e como os principais caracteres podem ter influenciado a diversificação; 4) descobrir possível influência dos regimes de incêndios do Cerrado para a distribuição e evolução das espécies; 5) detectar a influência das oscilações climáticas na distribuição das espécies do gênero Eremanthus dentro da perspectiva evolutiva e de conservação; 6) caracterizar o status de ameaça para espécies de Eremanthus. Para isso, a árvore filogenética de Lychnophorinae foi reconstruída através de máxima verossimilhança e datada através de penalized likelihood. Foram realizadas reconstruções de estados de caracteres ancestrais para os principais caracteres morfológicos e reconstrução da área ancestral através da construção de modelos biogeográficos. Foram realizadas modelagens de nicho das espécies do gênero Eremanthus para identificação de áreas de adequabilidade em diferentes períodos de tempo. As espécies de Eremanthus foram submetidas a avaliação de risco de extinção através dos critérios adotados pela IUCN. Desta forma, estima-se que a subtribo tenha surgido durante o Mioceno, com maior número de características morfológicas importantes surgindo durante o Pleistoceno (e.g., pappus setoso e bainha pad-like), além de apresentar importantes eventos de dispersão fundadora ao longo da história biogeográfica. Os modelos climáticos das espécies de Eremanthus corroboram com a Hipótese de Refúgio do Pleistoceno e a avaliação do status de conservação das espécies revelou possíveis riscos de extinção futura decorrentes de mudanças climáticas e ações antrópicas.