Arquitetura como Negócio de Impacto

Abstract

A temática da habitação é desafiadora em todo o planeta. Em nosso país, ela está entre as os problemas mais complexos enfrentados por nossa população, sobretudo, a de mais baixa renda que está concentrada em nossos centros urbanos. Sendo um país continental, esta problemática atinge cada uma de nossas regiões com particularidades, mas, se unem em dois eixos importantes: a precariedade da habitação e/ou de seu entorno e a falta dela. As discussões sobre estas necessidades habitacionais, têm sustentado os indicadores de déficit e inadequação habitacional, que servem como parâmetros para estudos e implementações de ações que visam soluções para a problemática. Estes indicadores são também tratados como déficit quantitativo e déficit qualitativo, respectivamente. Segundo a Organização das Nações Unidas – ONU (2020, p. 9), 60% da população urbana vive em favelas ou assentamentos informais. Estas famílias em sua maioria, pertencem as faixas de renda mais baixas da população. Atendendo a estas famílias, temos a lei 11.888, de 24/12/2008 que assegura o direito das famílias de baixa renda à assistência técnica pública e gratuita para o projeto e a construção de habitação de interesse social. Em paralelo, existe um movimento de entidades que buscam atender esta demanda por assistência técnica advinda das necessidades habitacionais, com um foco principal na inadequação habitacional. Dentre estas entidades, os negócios de impacto em arquitetura surgem com o intuito de auxiliar na mitigação do problema social que envolve a habitação através de ações voltadas ao atendimento de famílias que se incluem nas faixas de rendas mais baixas. Estas empresas se utilizam de mecanismos tecnológicos e mercadológicos que são adaptados com o objetivo de combater passivos sociais que influenciam o ciclo da pobreza e, visam atender novas demandas de mercado. Sua estruturação empresarial compreende uma governança que corresponde a práticas que valorizam a responsabilidade social e ambiental, desta forma, se identificando com as práticas de ESG - Environmental, Social and Governance (termo em inglês), que representa uma mudança para o mundo dos negócios e coloca o profissional em arquitetura como um ator em prol de mitigar uma problemática social através de um negócio de impacto em arquitetura e sua atuação em assistência técnica em habitação de interesse social.