Atividades antibacteriana, antioxidante e antiparasitária de plantas medicinais da flora brasileira

Abstract

O Brasil é detentor de uma vasta biodiversidade de plantas, distribuídas por distintos biomas e ecossistemas. As plantas medicinais tornaram-se uma das fontes mais importantes de medicamentos, aquirindo respeito na farmacologia. Desta forma, este estudo teve como objetivo avaliar a atividade biológica de plantas medicinais da flora brasileira. Extratos etanólicos foram preparados das partes aéreas de Dalbergia ecastaphyllum, Byrsonima gardineriana, Erythoxylum revolutum, Zanthoxylum rhaifolium, Pilocarpus spicatus, Lippia microphylla, Phyllanthus acuminatus e Krameria tomentosa e a molécula Justicidim B foi isolada de P. acuminatus. A abordagem fitoquímica dos extratos por cromatografia em camada delgada (CCD) revelou a presença de flavonóides, triterpenos, esteróides, derivados cinâmicos, saponinas, monoterpenos e sesquiterpenos, proantocianidinas, curaminas, enquanto que nenhum extrato apresentou quinonas. Na análise da atividade antibacteriana dos extratos, verificou-se que estes apresentaram atividade inibitória para as bactérias estudadas, variando CMI entre 390 a 6250 μg/ml. Todos os extratos testados apresentaram um potencial bactericida com a relação CMB/CMI com valores entre 1 e 4, com exceção do extrato de K. tomentosa para E. coli que apresentou potencial bacteriostático. Dois extratos foram selecionados para o estudo de Checkerboard, B. gardineriana e K. tomentosa, os resultados foram promissores uma vez que, quando testados em combinação, o extrato da planta e a clidamicina, a CMI foi inferior a quando testadas isoladamente. Na avaliação da citotoxicidade dos extratos sobre eritrócitos humanos do tipo O, observou-se que os extratos não apresentam citotoxicidade. Para os compostos fenólicos totais os extratos K. tomentosa e L. microphylla destacaram-se, apresentando valores de 416,20 e 373,48 (GAE mg)/g, respectivamente. Para o ensaio utilizando o radical ABTS + evidenciamos valores respectivos de TEAC de 2.206,66 mM, 2.203,66 mM e 2.133,33 mM e de inibição de 99,84%, 99,68% e 96,42% para D. ecastaphyllum, B. gardneriana e K. tomentosa. Para a análise de Fotoproteção,os extratos de D. ecastaphyllum, B. gardneriana, E. revolutum, L. microphylla e Z. rhoifolium,apresentaram absorbância máxima na região de radiação UVB, e os demais apresentaram absorbância máxima na região UVC. Todos os extratos apresentaram potencial para FPS. Na atividade anti-T. vaginalis a IC50 foi de 7,2μg/mL e a inibição de crescimento nas concentrações de 10μg/mL e 20μg/mL foi mais significativa após 24 horas, conseguindo inibir o crescimento dos trofozoítos em mais de 68% e 85%, respectivamente. Na viabilidade celular para HeLa, os resultados mostraram que a molécula apresentou atividade anticancerígena promissora, uma vez que, nas concentrações de 20, 100 e 500 μg/mL os percentuais foram de 57,17; 15,76 e 1,95 respectivamente. A IC50 da Justicidin B em células HeLa foi de 17,49 μg/mL. Para fibroblastos os resultados evidenciaram ausência de toxicidade nas concentrações 20 e 100 μg/mL, pois os percentuais foram de 90,65 e 75,36, respectivamente. Não observamos morte ou injúria G. mellonella e as taxas de sobrevivência foram de 100% para as concentrações estudadas (10 e 50 mg/kg da larva). Nos eritrócitos a molécula não foi considerada ativa, pois após uma hora de incubação em temperatura ambiente e constante agitação, a taxa de hemólise foi negativa para todas as concentrações. Dessa forma, diante dos resultados obtidos, conclui-se que os produtos de plantas medicinais possuem potencial bioativo, sendo promissores e servindo de base para estudos futuros.