Leveduroses em pessoas vivendo com HIV : identificação polifásica, detecção de sensibilidade a antifúngicos e caracterização de biofilme

Abstract

Pessoas vivendo com HIV (PVHIV) são frequentemente acometidas com leveduroses levando a um agravamento do quadro clínico podendo chegar ao óbito. Espécies de Candida causam desde infecções superficiais a invasivas. O gênero Cryptococcus causa desde lesões cutâneas a meningite. Portanto, a variabilidade no comportamento dessas leveduras, evidencia a necessidade de testes capazes de diagnosticar precocemente e caracterizar a patogenicidade dos isolados. O objetivo do estudo foi identificar leveduras em PVHIV através de taxonomia polifásica entre o MALDI-TOF MS (VITEK® MS), VITEK® 2 e CHROMOagar Candida, bem como definir a sensibilidade antifúngica e capacidade de formação de biofilme dos isolados. Foram incluídas 125 amostras biológicas provenientes de 48 PVHIV com suspeita de infecções fúngicas. Destes, 56,2% dos pacientes apresentaram leveduroses, sendo o sexo masculino, o mais acometido. Dos pacientes com leveduroses, 70,3% apresentaram contagens de linfócitos TCD4 menores que 200 células/μL e 29,7% contagens superiores a 200 células/μL. Foram isoladas leveduras patogênicas na orofaringe, sangue, liquido cefalorraquidiano, lavado broncoalveolar, secreção traqueal e mielograma. Candida albicans (55,6%) foi a espécie mais prevalente, seguida C. tropicalis (22,2%); Cryptococcus neoformans (7,4%); Cryptococcus gatti (3,7%); C. parapsilosis (3,7%); C. ortopsilosis (3,7%) e C. krusei (3,7%). A concordância entre o MALDI-TOF MS (VITEK®MS) e o VITEK® 2 foi de 92,59% e com o CHROMOagar Candida foi 74,07%. Foram realizados testes de sensibilidade frente a seis antifúngicos: fluconazol, voriconazol, caspofungina, micafungina, anidulafungina e anfotericina B, utilizando o protocolo M27-A3 do CLSI. O voriconazol foi droga com maior percentual (18,5%) de leveduras resistentes. Para a avaliação da capacidade de formação do biofilme, 92,7% das leveduras isoladas formaram biofilme. Destarte, através desses dados, comprova-se a necessidade de estudos com leveduras patogênicas, como forma de indicar fatores de risco para o agravamento das micoses em PVHIV, bem como fornecer o diagnóstico laboratorial precoce, auxiliando uma terapia assertiva, melhorando a qualidade de vida desses pacientes.