Comer Emocional e sua relação com a percepção da autoimagem corporal em tempos de pandemia da COVID-19 na população de Recife e Região Metropolitana

Abstract

O Comer Emocional ou Alimentação Emocional (AE) é uma condição nociva à saúde física e psicológica, pois reduz o bem-estar do indivíduo, através de um comportamento alimentar impulsivo, direcionado pelas emoções positivas e/ou negativas de eventos estressores. A exemplo disso está a pandemia da COVID-19, que potencializou gatilhos sociais interpessoais relacionados aos episódios de comportamentos alimentares desordenados, tendo a insatisfação corporal como consequência. O presente estudo objetivou identificar a relação entre o comer emocional e a percepção da autoimagem corporal na população de Recife e Região Metropolitana, no período de isolamento social devido à pandemia de COVID-19. Tratou-se de uma pesquisa de caráter transversal, descritiva de abordagem quantitativa, baseada na análise do banco de dados da pesquisa intitulada “Impacto do Isolamento Social e da Quarentena causados pela pandemia da COVID-19 sobre o Comportamento Alimentar e a Autoimagem Corporal”. Os questionários foram aplicados de maneira on-line, através da plataforma Google Forms e divulgados para os voluntários através de mídias sociais. Foram coletados dados sociodemográficos e de estilo de vida da população estudada, e avaliado o estado nutricional, a percepção da autoimagem corporal, a Alimentação Emocional (AE) e os sintomas de ansiedade e depressão. Os dados foram analisados no programa estatístico Statistical Package for the Social Sciences (SPSS®) versão 13.0 e a normalidade das variáveis analisadas através do teste Qui-quadrado ou Exato de Fisher.: Este estudo analisou 157 indivíduos residentes do Município de Recife e Região Metropolitana do Recife (RMR), em Pernambuco, sendo 79,6% (n = 125) do sexo feminino. A maior parte dos indivíduos se declararam como brancos, 57,3% (n= 90), seguido da cor parda, com 31,8% (n = 50) e 10,2% como pretos (n = 16); 30,6% (n=48) da amostra apresentou AE, 40,1% (n=63) foi classificada com ansiedade, 82,8% (n=130) com depressão leve. Quanto ao estilo de vida, 67,5% (n = 106) dos indivíduos que responderam ao questionário relataram fazer uso de bebida alcoólica e 90,4% (n = 142) relataram não fumar. A AE mostrou associação estatística significativa com as variáveis sexo, cor da pele, IMC, percepção da alteração de peso e ansiedade. Estes resultados demonstraram que o distanciamento social, em decorrência da pandemia da COVID-19, promoveu impactos sobre a saúde mental da população estudada, repercutindo sobre o comportamento alimentar. O presente estudo verificou a presença de Alimentação Emocional em um expressivo percentual da amostra, principalmente relacionado ao sexo feminino, cor da pele preta, o estado nutricional, percepção do aumento do peso corporal e ansiedade associada à elevada carga de estresse ocasionado pela pandemia da COVID-19. Salienta-se que seus achados viabilizarão a implementação de ações de intervenção para a melhoria da relação dos indivíduos com a alimentação e com o próprio corpo.