Análise insumo-produto sob hipótese de uma seca excepcional no semiárido cearense: impactos sobre o produto e emprego.

Abstract

O estado do Ceará foi um dos mais afetados pela seca que assolou o nordeste brasileiro entre os anos de 2012 e 2015. Em grande parte, por possuir cerca de 98,7% do seu território no semiárido. Este trabalho concentra-se na importância das atividades agrícolas e pecuárias na região do semiárido do Ceará que enfrenta desafios de recursos hídricos devido à seca persistente desde 2012. Assim, buscou-se responder a seguinte questão: uma seca extrema que destruísse a atividade agropecuária do semiárido cearense teria qual efeito sobre a produção e o emprego? Nesse sentido, o objetivo da pesquisa é caracterizar o impacto econômico do setor agropecuário do interior do estado do Ceará, região do semiárido, de forma a contribuir na análise de viabilidade econômica de políticas de gerenciamento hídrico para amenizar os períodos de seca. A análise dos dados foi realizada com base na matriz de insumo produto inter-regional para o arranjo populacional de Fortaleza/CE, apresentada em Haddad, Araújo e Perobelli (2020), considerando a divisão do Ceará em 3 regiões e suas relações com o resto do Brasil, e no método de extração hipotética. A hipótese adotada é de um cenário com seca extrema, que inviabilizasse a produção agropecuária no interior do Ceará. Por fim, encontrou-se que esse cenário analisado pode trazer impactos para a economia local, regional e nacional, baseado nas condições da economia em 2015, traria uma perda de quase 736 mil empregos e de R$ 6,01 bilhões no valor agregado da economia brasileira (cerca de R$ 11 bilhões, a preços de 2022). Somente na região, a perda seria de mais de 10% do valor agregado e o número de empregos perdidos seria de 716 mil, cerca de 30% do total de emprego da região. Estas perdas ainda são potencializadas quando consideradas as questões do êxodo desta mão de obra.