De mulheres para mulheres: o protagonismo feminino nos negócios de impacto em Arquitetura e Urbanismo no Nordeste

Abstract

A urbanização no Brasil enfrentou uma intensificação a partir de 1950 como um reflexo da industrialização, resultando no êxodo rural, crescimento da população urbana e no complexo cenário de inadequação das moradias brasileiras, em condições de habitabilidade críticas e índices elevados no déficit habitacional. Além disso, a questão de gênero circunda o déficit habitacional brasileiro, pois segundo pesquisas do IBGE, as mulheres representam a maioria da população em vulnerabilidade habitacional, representando cerca de 60% dessa população em vulnerabilidade. Em paralelo a esta problemática, o presente trabalho adentra a atuação do profissional de arquitetura e urbanismo, entendendo seu poder de contribuição nessa realidade. Segundo pesquisas do CAU/BR (2022), 82% das moradias do país são feitas sem arquitetos ou engenheiros, o que corrobora nos problemas habitacionais existentes, desde o adensamento excessivo e inadequação fundiária à ausência de janelas, banheiros para uso exclusivo e coberturas adequadas nos domicílios. Além disso, a ausência de profissionais habilitados reflete também em gastos excessivos com a falta de planejamento e execução qualificada, reforçando a importância de profissionais habilitados para mitigação da problemática brasileira. No entanto, apesar do potencial de contribuição, atualmente, a profissão enfrenta um cenário de retração e desvalorização frente a sociedade, com uma atuação exclusiva para um mercado de classes sociais de mais alta renda e distanciando-se do seu papel social. Além disso, conforme os dados do CAU/BR (2020), a profissão possui uma representatividade majoritariamente feminina, indicador que carrega diversos desafios estruturais para além do cenário de retração e desvalorização da profissão, como a desigualdade de gênero e exclusão social. Assim, o presente trabalho busca refletir acerca dos novos caminhos profissionais da arquitetura e urbanismo, por meio de um processo analítico e prático acerca do protagonismo feminino nos negócios de impacto social em arquitetura e urbanismo, uma alternativa de atuação profissional que cresce gradativamente, com forte liderança feminina e potencial de contribuição na melhoria do acesso à moradia no Brasil, podendo ser um caminho de prosperidade para as problemáticas apresentadas anteriormente, mas entendendo os desafios existentes e como contribuir para uma possível mitigação, tanto voltadas para a moradia quanto para a atuação profissional.