Moda Sustentável no Estado de Pernambuco: Apropriação capitalista (nicho de mercado) ou contra movimento (crítica à crise civilizatória)?

Abstract

Do ateliê de costura ao sistema que alimenta lojas com novas peças toda semana, a moda evoluiu em consonância com a sociedade de consumo. O aumento do consumo de coisas e ideias em alta velocidade provocado pelos estímulos capitalistas, resultou na crise ecológica e social que se agrava a cada dia. A estrutura produtiva do fast fashion e suas consequências de insustentabilidade, criaram um cenário propenso para críticas que dão origem e legitimidade a um modo alternativo de produção, a Moda Sustentável. Esse trabalho tem como objetivo central analisar a moda sustentável pernambucana, de forma que seja possível compreender as forças econômicas e ideológicas que norteiam o surgimento de marcas declaradas sustentáveis. Como uma pesquisa descritiva e exploratória, os procedimentos para embasamento da caracterização do cenário global, nacional e estadual da indústria da moda, foram baseados na pesquisa bibliográfica e documental em fontes científicas e relatórios de órgãos oficiais dos âmbitos econômicos e/ou públicos. Para compreensão do modelo no estado, realizou-se o estudo de casos múltiplos envolvendo 3 marcas pernambucanas de moda sustentável, o qual foi possível a partir de entrevistas semiestruturadas. O estudo permite observar que o domínio da indústria de moda em sua característica atual de fast fashion prevalece, ainda que suas práticas fortaleçam a crise civilizatória e ambiental. A vista disso, o modelo de produção sustentável, na prática, está repleto de contradições. De tal forma, a moda sustentável mais se assemelha a uma tendência de mercado com as apropriações capitalistas, do que um movimento de contracultura em crítica ao sistema. As manifestações ínfimas da moda sustentável, como conceito e prática, ainda não são interpretadas de acordo com sua proposta de reestruturação sistêmica, mas sim são consideradas como oportunidade mercadológica.