Pornodissidência como micropolítica : uma narrativa sobre carnes e subjetividades (a)normais

Abstract

Esta tese é um experimento com a pós-pornografia, a pornografia dissidente, a pornografia feminista ou ainda chamada desviante. Esta multiplicidade de termos inaugura o texto e faz parte do processo investigativo em torno dos conceitos de pornografia “mainstream” e o movimento artístico, político, transfeminista, queer/kuir/cuir de descolonização da pornografia. Em seguida, desenvolvemos o exercício de situar este trabalho dentro dos estudos feministas, de gênero e sexualidade. Para isso trouxemos para a cena um breve encontro teórico entre os feminismos, a teoria queer/kuir/cuir e o movimento descolonial. Permitimos-nos navegar “à deriva” até encontrar um fio condutor que resultasse em objetivos imbricados com “resultados” deste passeio. O objetivo geral: Construir uma pornocartografia (DIY- faça você mesmo) encarnada. Dentro dele, os seguintes objetivos específicos tomaram contorno: 1) acompanhar o movimento auto-intitulado pós-pornográfico/dissidente/desviante, tendo Recife – PE (Brasil) como ponto de partida e que se desterritorializa (fisicamente e virtualmente), 2) analisar como este movimento se relaciona com os conceitos de sexualidades, identidades e subjetividades (a)normais, 3) nomear e argumentar estas ações no campo da micropolítica. A partir de uma metodologia pós-pornográfica, autonarrativa, de análise semiótica e de interação com todos os elementos humanos e não humanos na rede, desenvolvemos uma escrita encarnada que tem início territorialmente em duas edições do Festival das Monstruosxs em Recife (2015 e 2017) e se desterritorializa virtualmente, semioticamente por outras produções brasileiras, latinoamericanas com passagem pela cidade de Barcelona. A elaboração de um diário cartográfico pós-pornográfico resultou num produto de 40 episódios autoanalíticos ao longo destes cinco anos. As noções de (a)normalidade sexual, identitária e psíquica, aliada aos conceitos de pornofarmacopoder e o conceito de insurgências micropolíticas acompanharam a construção das análises, no sentido de identificar como as pornodissidências atuam como resistência política na construção do prazer e dos corpos que importam sexopoliticamente.