Encontrando o Crime: o discurso reativo à violência do ativismo LGBT da Região Metropolitana do Recife

Abstract

Este trabalho pretende rastrear as formas em que a categoria crime é mobilizada pelo ativismo LGBT da Região Metropolitana do Recife para pensar as estratégias de revide à violência LGBTfóbica. Realizou-se, então, oito entrevistas narrativas com ativistas de movimentos LGBT no território, sendo três entrevistas selecionadas e analisados todos os trechos que constavam a categoria “crime”, “educação” e outros termos equivalentes, respeitando a ordem de suas respectivas enunciações. A educação foi eleita enquanto uma categoria de análise, tendo em vista o seu acionamento recorrente pelas ativistas e usualmente de forma contraposta à estratégia da criminalização. Ainda, o trabalho se valeu de situações etnográficas a partir de uma autoetnografia da práxis política do pesquisador para propor direcionamentos analíticos. Desse modo, explorou-se os múltiplos sentidos que a categoria crime pode adquirir a partir principalmente da criminalização da LGBTfobia, assim como descreveu-se as distintas expectativas das ativistas quanto a essa tática. A estratégia educadora, que envolve pensar a chegada das políticas sexuais dos movimentos LGBT nas escolas, foi analisada de modo a entender seus desafios e as suas (des)aproximações com o crime. Percebeu-se, nesse sentido, como os pânicos morais ao redor dessa pauta articulariam o crime e o medo, de modo a fazer com que a educação sexual e de gênero nas escolas fosse investida por falas do crime. É, nesse contexto, que se percebe uma contraposição distinta daquela referente a um antagonismo puro inicialmente descrito entre as duas estratégias. Fala-se de uma espécie de contraposição estratégica: as táticas da educação e do crime ora se contradizem por perspectivas temporais e de efeito, ora se compreendem e se aproximam a partir de um espectro no qual narrativas sobre o crime se tornam um elemento comunal.