Avaliação do comportamento alimentar não desejável e sedentário e sua associação com o estado nutricional: um estudo entre crianças da rede pública de ensino no interior do estado de Pernambuco

Abstract

A infância é uma fase crucial no desenvolvimento humano, influenciando significativamente a saúde física, mental, social e emocional ao longo da vida. Nesse contexto, os hábitos alimentares adquiridos durante os primeiros anos desempenham um papel fundamental na formação do comportamento alimentar (CA), que é um agente determinante na promoção da saúde ou no surgimento de distúrbios nutricionais, como excesso de peso e obesidade. O presente trabalho tem como objetivo avaliar o CA não desejável e sedentário e sua associação com o estado nutricional, através de uma pesquisa realizada com crianças da rede pública de ensino no interior do estado de Pernambuco. Trata-se de um estudo descritivo, quantitativo e de corte transversal, realizado com alunos de sete (07) a nove (09) anos, no período de dezembro de 2023, sendo coletados dados socioeconômicos, demográficos, de CA e sedentários, além de avaliar o estado nutricional da população estudada. Utilizou-se o Questionário de Comportamento Alimentar Não Desejável e Sedentário (QUICAS) para obter as informações sobre CA e sedentarismo. O instrumento, aplicado de forma presencial, é estruturado em seis comportamentos alimentares, com opções "desejáveis" e "não desejáveis", totalizando 12 figuras, e também analisa três comportamentos sedentários com quatro opções de frequência em diferentes momentos do dia, representados por nove figuras. Os dados foram examinados no software Statistical Package for Social Sciences (SPSS), versão 19.0, e nas associações foi aplicado o Teste Qui-quadrado ou Teste de Exato de Fisher. Este estudo analisou 39 crianças, sendo a maioria, 51,28%, do sexo feminino, e o maior número destes infantes, 58,98%, possuindo 9 anos de idade. Quanto ao estado nutricional, observou-se que 20,5% das crianças apresentam peso elevado para a idade. A análise estatística dos dados obtidos através do questionário QUICAS e do questionário socioeconômico e demográfico demonstrou uma associação significativa entre a escolaridade dos responsáveis (p = 0,002), ambiente do almoço (p = 0,001), tipo de refeição realizada (p = 0,024) e o envolvimento nas atividades da cozinha (p = 0,031) com o CA. Os resultados desta pesquisa destacam a interdependência entre diversas variáveis que moldam os hábitos alimentares das crianças, incluindo o capital educacional dos pais, o ambiente de refeição e o envolvimento nas atividades culinárias. A associação entre o comportamento alimentar e esses fatores sublinha a importância de abordagens integradas e multifacetadas para promover bons hábitos alimentares desde a infância. Diante do preocupante índice de excesso de peso observado entre as crianças estudadas, é crucial implementar intervenções direcionadas para prevenir problemas de saúde associados ao sobrepeso na infância. Assim, estratégias como programas educacionais, criação de ambientes alimentares favoráveis e incentivo ao envolvimento das crianças nas atividades culinárias representam medidas essenciais para enfrentar os desafios relacionados ao comportamento alimentar na infância e contribuir para a construção de uma sociedade mais saudável e resiliente.