“Minha fé é política” : ativismo desobediente e a construção de um movimento cristão sexo-gênero dissidente

Abstract

Esta dissertação busca tecer reflexões a partir de práticas de resistência religiosa e política que constroem uma relação integrativo-subversiva e não dicotômica entre dissidências sexuais e de gênero e religiosidade cristã. Para isso, parte-se de uma revisão de literatura ancorada nas contribuições dos estudos feministas, da Psicologia e de outras ciências sociais e humanas, bem como, e sobretudo, da atuação político-religiosa de grupos e movimentos cristãos sexo-gênero dissidentes no cenário virtual, à luz da inspiração netnográfica. Este trabalho orienta-se a partir de uma base epistemológica contraposta à matriz de poder colonial, e dessa forma, é ancorado na perspectiva crítica da antropologia por demanda, o que significa que leva as demandas e questões trazidas pelo próprio movimento como ponto de partida. A pesquisa aponta para os processos de resistência que esses grupos emplacam tanto dentro do enquadramento cristão institucional, no intuito de disputar espaço e conseguir experienciar sua fé como lhes é de direito, como ao lado dos movimentos sociais progressistas, formando alianças que não ignorem o elemento de fé. Busca-se, portanto, defender como a construção de uma posição cristã dissidente tensiona tanto os cânones religiosos, quanto o ideário moderno/colonial de progresso, anunciando saberes e práticas fronteiriças que (re)constroem a experiência religiosa e a reivindicam para além de um grande monólito. Espera-se, por fim, que este trabalho possa anunciar pistas que contribuam para uma perspectiva crítica, reflexiva e implicada à respeito do tema, bem como, e sobretudo, para os processos de resistência sexo-gênero dissidentes.