Narrativas meméticas : o lugar das práticas educacionais diante de uma arquitetura midiática interativa que desafia a verdade

Abstract

Esta tese de doutorado, intitulada “Narrativas meméticas em tempos de pandemia: o lugar das práticas educacionais diante de uma arquitetura midiática interativa que desafia a verdade”, tem como principal objetivo investigar se as práticas de ensino no campo das linguagens têm incluído o estudo dos memes, analisando sua estrutura e conteúdo como gêneros textuais digitais, bem como sua contribuição para a construção de significados e para a formação de posicionamentos sociais em contextos sociais e culturais. Para alcançar esse propósito, foram elencados objetivos específicos, que buscam compreender a influência dos memes, como gêneros textuais digitais, na formação de percepções coletivas em tempos de crise, além de estabelecer uma base teórica e metodológica para sua análise crítica. Esses

objetivos também incluem a investigação do papel dos memes no ambiente educacional, con- siderando sua arquitetura composicional e os desafios e potencialidades de seu uso como

ferramenta pedagógica. As metodologias aplicadas incluem, primeiro, uma proposta intitulada “Roteiro de Arquitetura Memética”, na qual, tomando como base os estudos de Bronckart (1999), crio um modelo analítico que orienta a análise das interações a partir das estruturas composicionais dos memes. Depois disso, utilizo duas outras metodologias, já conhecidas:

uma voltada para a realização de encontros com os estudantes, tomando como base Her- nández (1998) e Creswell (2010), e outra para a circulação de formulários, a partir de Gil

(2019), ambas com a intenção de capturar olhares dos agentes envolvidos com as práticas de ensino-aprendizagem. Os diálogos teóricos, por sua vez, possuem caráter amplamente interdisciplinar, conectando autores de diferentes áreas do conhecimento. Da sociologia, cito autores como Berger (1997); da filosofia, como Foucault (2009); teóricos da educação, como Gómez (2015), Durkheim (1995) e Soares (2004); autores que analisam gêneros textuais, multimodalidade e humor, como Rojo (2012) e Brait (2008); especialistas na teorização sobre imagem, como Benjamin (1985); e, claro, estudiosos dos memes, como Shifman (2014), Wiggins (2022) e Xie (2022). Concluí que a ausência de ferramentas metodológicas que ajudem na interpretação dos memes impede que possamos compreender melhor como eles se inserem nas interações permitidas pelas plataformas digitais. Além disso, identifiquei que o ensino de memes, embora considerado de grande importância para um grupo considerável de estudantes, enfrenta resistências, justificadas em grande medida pelo desconhecimento ou pela falta de interesse acerca desse gênero textual por parte dos educadores, além da baixa presença nos currículos de licenciatura do país que tratam de gêneros digitais e de uma abordagem tímida na Base Nacional Comum Curricular. Portanto, acredito ser fundamental que todos esses desafios ganhem visibilidade com a intenção de promover uma discussão mais ampla sobre a relevância dos memes na educação contemporânea.