Genotoxicidade e embriotoxicidade dos elementos urânio e cádmio frente a moluscos Biomphalaria glabrata

Abstract

O aumento de elementos químicos metálicos no meio ambiente está relacionado ao descarte da indústria mineradora, agricultura, lixo doméstico e diversas atividades humanas, sendo os ambientes aquáticos e os oceanos o destino destes poluentes. Os metais fazem parte de uma classe de elementos químicos potencialmente tóxicos, entre os quais se destacam o cádmio e o urânio. Embora sejam encontrados naturalmente no meio ambiente, em concentrações elevadas, tornam a água e os alimentos impróprios para o consumo. A contaminação pelo urânio pode ser considerada um problema de saúde pública, devido a sua capacidade de bioacumular no meio ambiente, além de estar relacionada com o aumento na incidência de câncer ósseo, fígado e pulmão. O cádmio, por sua vez, é um metal pesado não essencial que representa uma ameaça potencial aos seres vivos e aos ecossistemas aquáticos, pois sua ingestão, mesmo que em baixos níveis, é capaz de afetar órgãos vitais, como pulmão, rins e tecidos ósseos. Dessa forma, avaliar a qualidade desses ambientes, por meio de bioindicadores, é de suma importância para a saúde pública. Portanto, o objetivo deste trabalho foi utilizar os moluscos Biomphalaria glabrata como bioindicadores da citotoxicidade, genotoxicidade e embriotoxicidade do urânio e cádmio, expostos por 48 horas, as concentrações de 0,01; 0,1 e 1 mg/L, em ambientes aquáticos. Para isso, foram realizados testes de citotoxicidade em hemócitos de B. glabrata utilizando o corante azul de tripan para determinação da citotoxicidade. Em seguida, foi utilizado o ensaio cometa alcalino para avaliação dos danos ao material genético dos moluscos expostos às diferentes concentrações dos elementos químicos estudados. Para os testes de embriotoxicidade foram separados embriões no estágio de blástula (n=100) para proceder a exposição aos elementos urânio e cádmio. Os experimentos foram realizados em triplicatas. Os resultados indicaram que apenas a concentração de 1 mg/L de urânio induziu a citotoxicidade nos caramujos adultos. A exposição ao cádmio não apresentou citotoxicidade em nenhuma concentração estudada. A análise do ensaio cometa, demonstrou que ambos os elementos causaram danos ao DNA dos hemócitos dos moluscos expostos às diferentes concentrações testadas. No estudo da embriotoxicidade pode-se observar que a concentração de 1 mg/L de urânio resultou na inviabilidade total dos embriões. Dessa forma, pode-se observar que o molusco B. glabrata poderá ser utilizado como modelo experimental para auxiliar na prevenção e no controle da presença de metais em ambientes aquáticos, o que impactará diretamente na saúde pública.