Podemos dar as mãos?: uma análise sobre territórios, consumo e lazer de mulheres lésbicas na cidade do Recife-PE

Abstract

A cidade do Recife, conhecida por sua diversidade cultural, ainda apresenta desafios específicos para a comunidade lésbica, muitas vezes invisível e marginalizada. Diante desse contexto, esta pesquisa emerge da necessidade de compreender os processos de formação e consolidação de territorialidades das mulheres lésbicas na cidade, com um enfoque específico na ocupação de espaços de consumo e lazer. Com uma abordagem qualitativa, a pesquisa adotou entrevistas semiestruturadas como método principal de coleta de dados, seguido pela análise de narrativa para explorar as experiências ricas das participantes. A amostra, composta por mulheres lésbicas da cidade do Recife e da RMR, é intencionalmente diversificada, refletindo a pluralidade de vivências e contextos. As entrevistas semiestruturadas proporcionam um espaço aberto para as participantes compartilharem suas experiências em relação ao consumo, lugares e lazer na cidade. Destacam-se espaços específicos como bares, boates e espaços públicos (praças e ruas) frequentados por mulheres lésbicas. A análise de narrativa é incorporada para proporcionar uma compreensão mais profunda das histórias de vida, desafios e conquistas dessas mulheres em seus espaços cotidianos.A análise de dados, qualitativa e interpretativa, identifica padrões, temas emergentes e nuances nas narrativas das participantes. A análise de narrativa destaca não apenas os desafios enfrentados, mas também as estratégias de resistência e as formas ativas como essas mulheres moldam seus espaços de consumo e lazer. Essa dissertação contribui para a compreensão da complexidade das territorialidades lésbicas em Recife, proporcionando insights valiosos sobre como as mulheres lésbicas enfrentam e transformam os desafios urbanos. Ao focalizar espaços específicos e histórias pessoais, a pesquisa oferece uma visão aprofundada das estratégias de resistência e resiliência dessas mulheres na busca por inclusão e reconhecimento em uma cidade diversificada, mas desafiadora. As entrevistadas apresentaram situações de dificuldade de fazer valer seus direitos, de lesbofobia e agressão, que modificaram sua forma de consumir determinados espaços na cidade. Também foi perceptível que para as mulheres lésbicas a ocupação de uma localidade não contribui para a formação da identidade e sim as pessoas que estão ao seu redor, com o advento da internet diminuiu-se a necessidade de estar em um certo lugar para encontrar pessoas com os mesmos gostos. Por último ressalta-se que a segurança é de suma importância para as mulheres.