#Notmyariel e as controvérsias sobre a representação do corpo negro no cinema

Abstract

Este trabalho investiga as controvérsias em torno da representatividade racial no cinema a partir da repercussão do live-action A Pequena Sereia (2023), estrelado por Halle Bailey, atriz negra escalada para o papel de Ariel. A partir da análise discursiva de postagens no X (antigo Twitter) com a hashtag #NotMyAriel, entre 2019 e 2023, o estudo busca compreender como o campo midiático contemporâneo reflete e produz resistências à diversidade. Fundamentado em autores como Stuart Hall (2019), Michel Pêcheux (1990), bell hooks (2019) e Frantz Fanon (1952), o trabalho articula uma leitura crítica sobre o racismo estrutural nas representações audiovisuais e os efeitos subjetivos da presença negra em narrativas midiáticas. Observa-se que a reação à escolha da atriz expressa não apenas uma nostalgia estética, mas a manutenção simbólica da branquitude como norma nos imaginários culturais. Ao mesmo tempo, o filme revela o poder da representatividade positiva na infância negra e evidencia o papel das redes sociais digitais como arenas de disputa e afirmação identitária. A pesquisa conclui que, embora corporativa e mercantilizada, a diversidade pode gerar impactos transformadores, desde que acompanhada de mudanças estruturais na cadeia produtiva e narrativa da indústria cultural.