Processos hidrológicos em telhados verdes e pavimentos permeáveis para o manejo de águas urbanas

Abstract

O crescimento urbano desordenado e a consequente impermeabilização do solo nas grandes cidades têm agravado problemas de drenagem urbana, como inundações, alagamentos e redução da infiltração, exigindo a adoção de soluções sustentáveis para o manejo das águas pluviais. Esse estudo teve como objetivo avaliar o desempenho hidrológico em diferentes técnicas compensatórias de drenagem urbana, telhados verdes (com as espécies Dianella tasmanica, Axonopus comprissus e Alternanthera dentata) e pavimentos permeáveis (blocos vazados, intertravado e concreto poroso), em escala piloto, visando estudar a mitigação desses impactos. A metodologia incluiu a construção de 7 módulos experimentais em Recife-PE monitorados por 6 meses (maio a outubro de 2024), com coleta de dados de precipitação, umidade do solo, escoamento superficial e drenagem interna. Os dados obtidos permitiram a realização de um balanço hídrico hidrológico, considerando entradas e saídas de água em cada superfície. Os resultados demonstraram que os telhados verdes retiveram entre 57% e 73% do volume precipitado, com destaque para o telhado com Dianella tasmanica (99% de infiltração em eventos médios moderados). Os pavimentos permeáveis apresentaram desempenho variável: o cobograma (blocos vazados com grama) reteve 77% da água, enquanto o intertravado teve apenas 27% de infiltração, escoando 74% superficialmente. Já o concreto poroso infiltrou 73%. A evapotranspiração foi significativa nos telhados verdes, especialmente com Alternanthera dentata (852 mm), refletindo a influência da vegetação. A caracterização físico-hídrica do substrato (franco-arenoso, 13% de matéria orgânica) revelou alta condutividade hidráulica (até 0,085 mm/s) e porosidade total (54%), corroborando a eficácia das técnicas. Recomenda-se a combinação de técnicas conforme a disponibilidade e necessidade, e a priorização de espécies vegetais adaptadas ao clima local. A pesquisa contribuiu para o entendimento do comportamento hidrológico dessas técnicas sob clima tropical úmido e destaca seu potencial como ferramenta de adaptação às mudanças climáticas e de mitigação dos impactos da urbanização desordenada.